Questão 8fc06bcc-1d
Prova:
Disciplina:
Assunto:
O que queremos destacar com isso é que o tráfico atlântico
tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade colonial:
apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as
fortunas senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente.
Ao mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas.
Na Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro,
desde pelo menos o início do século XVIII, o tráfico atlântico
de escravos passou a ser controlado pelas comunidades
mercantis locais (...).
(João Fragoso et alli. A economia colonial brasileira
(séculos XVI-XIX), 1998)
O texto permite inferir que
O que queremos destacar com isso é que o tráfico atlântico
tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade colonial:
apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as
fortunas senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente.
Ao mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas.
Na Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro,
desde pelo menos o início do século XVIII, o tráfico atlântico
de escravos passou a ser controlado pelas comunidades
mercantis locais (...).
(João Fragoso et alli. A economia colonial brasileira
(séculos XVI-XIX), 1998)
O texto permite inferir que
A
o tráfico atlântico de escravos prejudicou a economia
colonial brasileira porque uma enorme quantidade de
capitais, oriunda da produção agroindustrial, era remetida
para a África e para Portugal.
B
as transações comercias envolvendo a África e a América
portuguesa deveriam, necessariamente, passar pelas
instâncias governamentais da Metrópole, condição típica
do sistema colonial.
C
a monopolização do tráfico negreiro nas mãos de comerciantes encareceu essa mão de obra e atrasou o desenvolvimento das atividades manufatureiras nas regiões
mais ricas da América portuguesa.
D
as rivalidades econômicas e políticas entre fidalgos e
burgueses, no espaço colonial, impediram o crescimento
mais acelerado da produção de outras mercadorias além
do açúcar e do tabaco.
E
nem todos os fluxos econômicos, durante o processo de
colonização portuguesa na América, eram controlados
pela Coroa portuguesa, revelando uma certa autonomia
das elites coloniais em relação à burguesia metropolitana.
Gabarito comentado
Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
Quando se faz uma análise da época de colonização mercantilista europeia nos continentes americano, africano e asiático, vemos uma relação entre colônia e metrópole marcada pelo monopólio – o exclusivo colonial, o que leva a entender as regiões coloniais como comunidades sem uma dinâmica interna própria, onde não se moveriam tipos sociais específicos da região bem haveria atividades desvinculadas das necessidades da metrópole.
Por esta visão, o litoral NE brasileiro, por exemplo, na área que hoje corresponde mais ou menos ao litoral de Pernambuco e Alagoas, seria tão somente um “imenso canavial", com senhores brancos e escravos nativos e africanos, trabalhando e produzindo a riqueza- cana de açúcar - para Portugal. Dele dependendo em tudo, sendo um complemento à metrópole.
Mas, no dizer do historiador Ilmar Rohloff de Mattos, a “moeda colonial" tem duas faces. Há o lado da metrópole mas há o lado da região colonial. A historiografia brasileira, desde a década de 1950, procura ter esse olhar mais detalhado e analítico “para dentro".
A questão proposta versa sobre esta perspectiva de análise histórica e pede que seja apontada a afirmativa que apresenta, corretamente, a ideia chave do trecho do historiador Fragoso transcrito na entrada da questão.
A) INCORRETA- Esta afirmativa não é totalmente incorreta pois havia, sim, muito capital estagnado no comércio de escravos e desviado para os traficantes – africanos mas sobretudo portugueses e ingleses. No entanto, NÃO é este o teor do trecho apresentado. Não é a proposição central de João Fragoso neste trecho.
B) INCORRETA- As transações entre as colônias portuguesas da costa africana e as de dominação portuguesa na América eram diretas porque ambas eram em território português. Houve momentos em que o volume de comércio entre Rio de Janeiro e Luanda (Angola) foi maior do que entre o Rio e Lisboa . Mas o trecho não trata desta questão.
C) INCORRETA- Não foi o monopólio do tráfico negreiro e o encarecimento da mão de obra escrava que impediram ou dificultaram o desenvolvimento de manufaturas mas, o próprio sistema escravista na medida em que ele é incompatível com um crescimento de mercado interno, fundamental ao estabelecimento de manufaturas . Além disso o trecho não trata deste processo histórico.
D) INCORRETA- Existiam, é verdade, rivalidades entre fidalgos e burguesia portuguesa dentro da colônia. Porém, estas giravam, mais do que tudo em torno da disputa pelos favores, monopólios e privilégios dados pela Coroa portuguesa. Ademais não é o tema do trecho .
E) CORRETA. O trecho expõe, claramente, que havia, no período de dominação portuguesa no território brasileiro, atividades econômicas que não estavam submetidas à metrópole e permitiam um certo grau de liberdade das elites locais em relação aos interesses e necessidades da burguesia mercantil metropolitana.
RESPOSTA: ALTERNATIVA E