Questão 8fb4a775-1d
Prova:FGV 2016, FGV 2016
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Perante esta sociedade, a burguesia está longe de assumir uma atitude revolucionária. Não protesta nem contra a autoridade dos príncipes territoriais, nem contra os privilégios da nobreza, nem, principalmente, contra a Igreja. (...) A única coisa de que trata é a conquista do seu lugar. As suas reivindicações não excedem os limites das necessidades mais indispensáveis.

(Henri Pirenne. História econômica e social da Idade Média, 1978)

Segundo o texto, é correto afirmar que

A
a burguesia, nascida da própria sociedade medieval, nela não tem lugar; para conquistá-lo, suas reivindicações são a liberdade de ir e vir, elaborar contratos, dispor de seus bens, fazer comércio, liberdade administrativa das cidades, ou seja, não tem o objetivo de destruir a nobreza e o clero.
B
os burgueses, enriquecidos pelo comércio, reivindicam privilégios semelhantes aos da nobreza e do clero na sociedade moderna; acentuadamente revolucionários, os seus interesses significam título, terras e servos para garantirem um lugar compatível com sua riqueza.
C
o território da burguesia é o solo urbano, a cidade como sinônimo de liberdade, protegida da exploração da nobreza e do clero; para isso, cria o direito urbano, isto é, leis para o comércio, a justiça e a administração que, de forma revolucionária, asseguram-lhe um lugar na sociedade moderna.
D
a sociedade medieval tem um lugar específico para os burgueses, pois as liberdades, as leis, a justiça e a administração estão em suas mãos; tal situação tem o objetivo de brecar o poder político e econômico dos nobres e da Igreja, fortalecidos pela expansão da servidão e pelo declínio do comércio.
E
com exigências revolucionárias, como liberdade comercial, jurídica e territorial, a burguesia, cada vez mais rica, visa destruir a sociedade medieval; esta, por sua vez, barra a ascensão econômica e política da burguesia, ao fortalecer a servidão no campo e impedir as transações comerciais na cidade.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: burguesia medieval — origem social, objetivos e limites das suas reivindicações no contexto urbano e feudal. Entender isso é fundamental para questões sobre transformações econômicas e políticas entre Idade Média e a formação das sociedades modernas.

Resumo teórico: A burguesia nasce nas cidades a partir do comércio e das atividades artesanais. Segundo Henri Pirenne, seus objetivos são pragmáticos: obter liberdade de comércio, segurança de propriedade, autonomia municipal e regulamentação contratual — ou seja, conquistar um lugar social e econômico sem romper radicalmente com a nobreza ou com a Igreja. Fontes clássicas: Henri Pirenne, História econômica e social da Idade Média; Marc Bloch, A sociedade feudal.

Por que a alternativa A é correta: ela descreve com fidelidade o texto de Pirenne — a burguesia "não tem objetivo de destruir a nobreza e o clero" e pleiteia liberdades práticas (circulação, contratos, comércio, administração urbana). A resposta reproduz a ideia de reivindicações limitadas e não-revolucionárias.

Análise das alternativas incorretas:

B — Afirma que os burgueses buscam privilégios idênticos aos da nobreza (títulos, terras, servos) e têm caráter revolucionário. Incorreto: historicamente a burguesia buscava privilégios urbanos e econômicos, não necessariamente replicar a ordem senhorial; o texto enfatiza a ausência de atitude revolucionária.

C — Diz que a cidade é sinônimo de liberdade e que o direito urbano é revolucionário. Parcialmente verdadeiro sobre criação de direito urbano, mas o termo "revolucionária" contraria o texto, que afirma a moderação das reivindicações.

D — Afirma que as leis e administração já estão nas mãos dos burgueses e que seu objetivo é frear nobres e Igreja; além de mencionar expansão da servidão e declínio do comércio (contradição histórica). Errado: exagera a influência burguesa e distorce o contexto econômico.

E — Afirma caráter revolucionário e uma resistência sistêmica da sociedade medieval (fortalecimento da servidão para barrar a burguesia). Também exagera: o texto aponta limitações nas reivindicações burguesas, não uma luta de destruição da ordem medieval.

Dica de interpretação: ao ler o enunciado, destaque palavras-chave (por exemplo, "longe de assumir atitude revolucionária", "não protesta", "conquista do seu lugar") e descarte alternativas que atribuam caráter revolucionário ou objetivos incompatíveis com essas frases.

Fontes: Henri Pirenne, História econômica e social da Idade Média; Marc Bloch, A sociedade feudal.

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