Perante esta sociedade, a burguesia está longe de assumir
uma atitude revolucionária. Não protesta nem contra a
autoridade dos príncipes territoriais, nem contra os privilégios
da nobreza, nem, principalmente, contra a Igreja. (...) A única
coisa de que trata é a conquista do seu lugar. As suas
reivindicações não excedem os limites das necessidades
mais indispensáveis.
(Henri Pirenne. História econômica e social da Idade Média, 1978)
Segundo o texto, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: burguesia medieval — origem social, objetivos e limites das suas reivindicações no contexto urbano e feudal. Entender isso é fundamental para questões sobre transformações econômicas e políticas entre Idade Média e a formação das sociedades modernas.
Resumo teórico: A burguesia nasce nas cidades a partir do comércio e das atividades artesanais. Segundo Henri Pirenne, seus objetivos são pragmáticos: obter liberdade de comércio, segurança de propriedade, autonomia municipal e regulamentação contratual — ou seja, conquistar um lugar social e econômico sem romper radicalmente com a nobreza ou com a Igreja. Fontes clássicas: Henri Pirenne, História econômica e social da Idade Média; Marc Bloch, A sociedade feudal.
Por que a alternativa A é correta: ela descreve com fidelidade o texto de Pirenne — a burguesia "não tem objetivo de destruir a nobreza e o clero" e pleiteia liberdades práticas (circulação, contratos, comércio, administração urbana). A resposta reproduz a ideia de reivindicações limitadas e não-revolucionárias.
Análise das alternativas incorretas:
B — Afirma que os burgueses buscam privilégios idênticos aos da nobreza (títulos, terras, servos) e têm caráter revolucionário. Incorreto: historicamente a burguesia buscava privilégios urbanos e econômicos, não necessariamente replicar a ordem senhorial; o texto enfatiza a ausência de atitude revolucionária.
C — Diz que a cidade é sinônimo de liberdade e que o direito urbano é revolucionário. Parcialmente verdadeiro sobre criação de direito urbano, mas o termo "revolucionária" contraria o texto, que afirma a moderação das reivindicações.
D — Afirma que as leis e administração já estão nas mãos dos burgueses e que seu objetivo é frear nobres e Igreja; além de mencionar expansão da servidão e declínio do comércio (contradição histórica). Errado: exagera a influência burguesa e distorce o contexto econômico.
E — Afirma caráter revolucionário e uma resistência sistêmica da sociedade medieval (fortalecimento da servidão para barrar a burguesia). Também exagera: o texto aponta limitações nas reivindicações burguesas, não uma luta de destruição da ordem medieval.
Dica de interpretação: ao ler o enunciado, destaque palavras-chave (por exemplo, "longe de assumir atitude revolucionária", "não protesta", "conquista do seu lugar") e descarte alternativas que atribuam caráter revolucionário ou objetivos incompatíveis com essas frases.
Fontes: Henri Pirenne, História econômica e social da Idade Média; Marc Bloch, A sociedade feudal.
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