Em Atenas, na Grécia Antiga, os ideais de democracia conviviam com a escravidão. Pedro Paulo
Funari, em sua obra “Grécia e Roma” (2002) destaca que não é “exagero dizer que a democracia
ateniense dependia da existência da escravidão” (p. 38).
Nessa perspectiva, considera-se que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: a convivência entre democracia e escravidão em Atenas e as origens sociais dos escravizados. É importante entender que a democracia ateniense era restrita a cidadãos livres e dependia da mão de obra escrava para liberar esses cidadãos para a vida pública.
Resumo teórico: em Atenas clássica (séculos V–IV a.C.) a escravidão era uma instituição central. As fontes antigas (p. ex. Aristóteles, Política) e a historiografia moderna (Pedro Paulo Funari, 2002; Moses I. Finley, The Ancient Economy) mostram que muitos escravos chegavam como prisioneiros de guerra, como vítimas de pirataria, comércio e também eram descendentes de escravizados já nascidos em condição servil. Eles trabalhavam em casas, oficinas, agricultura e minas, sustentando a vida política dos cidadãos.
Justificativa da alternativa A: a afirmação de que “os escravos de Atenas, em sua maioria, eram prisioneiros de guerra e seus descendentes” sintetiza corretamente as principais vias de origem dos escravizados na Atenas clássica. Fontes e estudos indicam que campanhas militares, pirataria e comércio de escravos foram responsáveis por grande parte do contingente escravo, cujas gerações seguintes nasciam já em situação de servidão (Funari, 2002; Finley).
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. A escravidão em Atenas não era marginal nem em processo irrelevante de desaparecimento. A democracia ateniense funcionava precisamente porque a economia e o trabalho eram sustentados por escravos; não houve abandono gradual do sistema escravista na época clássica.
C — Incorreta. Não havia predominância de escravos provenientes de Esparta. Esparta mantinha um sistema próprio (hilotas) e era rivais políticos/militares de Atenas, mas isso não faz dos espartanos a principal fonte de escravizados atenienses.
D — Incorreta e anacrônica. Dizer que a democracia ateniense foi “ímpar” para pensar a democracia no Brasil pós‑Proclamação da República e citar 1822 está errado: a Proclamação da República brasileira ocorreu em 1889; 1822 é o ano da Independência. Além disso, modelos são fontes de referência, mas o contexto, exclusões e limitações da democracia ateniense (exclusão de mulheres, metecos e escravos) tornam comparações diretas problemáticas.
E — Incorreta. Os escravos atenienses tinham origens diversas (Trácia, Anatólia, península balcânica, ilhas, povos do Mar Negro), e não há evidência de que proviessem majoritariamente do extremo Sul da África; o tráfico transatlântico e o comércio em larga escala de africanos para a Europa só ocorreriam muito depois.
Dica para provas: procure por anacronismos (datas, acontecimentos), generalizações absolutas e erros geográficos/etnográficos; compare a alternativa com o contexto histórico conhecido e com fontes confiáveis.
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