Questão 89732f2b-df
Prova:UEFS 2010
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Antiguidade Ocidental (Gregos, Romanos e Macedônios)

Carlos Magno dividiu [seus domínios] em circunscrições. As circunscrições fronteiriças chamavam-se marcas. [...] As marcas eram bem fortificadas e serviam para a proteção do Estado contra invasões posteriores.
A frente de cada circunscrição estava um conde. O conde que chefiava uma marca chamava-se margrave. [...] Carlos Magno distribuía benefícios entre seus vassalos. Exigia deles não somente participação pessoal nas expedições militares, mas também a apresentação de homens armados. (KOMINSKY, [s.d.], p. 92).

O reinado de Carlos Magno (768-814 d.C.), na Gália, concretizou-se por desenvolver uma política que culminou com

A
a decadência do Império Romano, ao agregar, no seu exército, elementos bárbaros, que se sublevaram e minaram o poder do exército romano.
B
a formação do feudalismo, através da concessão de benefícios que fortaleciam o poder local, ao estabelecer uma rede de proteção e favores.
C
a perda da influência política e social da Igreja Católica, ao estabelecer o cesaropapismo e submetê-la ao controle do Estado.
D
o fortalecimento do Estado Moderno, submetendo a nobreza ao controle do poder real e contribuindo para desagregar a burguesia industrial.
E
a expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica e a consolidação do poder dos marqueses e dos condes, em detrimento do poder real.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa B

Tema central: a questão trata da política carolíngia de concessão de benefícios (beneficium/feudo) e da organização territorial (condados e marcas) que levou à descentralização do poder e à consolidação das relações de vassalagem — elementos centrais no processo de formação do feudalismo.

Resumo teórico: Feudalismo não é apenas “senhor e servo”, mas um sistema político-militar-econômico baseado em: 1) concessão de terras/benefícios em troca de serviços militares e fidelidade; 2) autoridade local forte (senhores, condes, marqueses); 3) fragmentação do poder central. Obras clássicas: Marc Bloch, Sociedade Feudal; Pierre Riché, A Civilização do Ocidente Medieval.

Por que a alternativa B está correta? Carlos Magno distribuía benefícios a vassalos que, em troca, prestavam serviço pessoal e mobilizavam homens armados. Essa prática fortaleceu lordes locais (condes, marqueses), criou uma rede de obrigações pessoais e proteção mútua e produziu descentralização política — condição básica para a formação do sistema feudal.

Análise das alternativas incorretas

A: Errada. A decadência do Império Romano ocorreu séculos antes; a descrição refere-se à inserção de bárbaros no exército romano, não à política carolíngia. Chronologia e causa trocadas.

C: Errada. Pelo contrário, a dinastia carolíngia aproximou-se da Igreja (coronamento de 800) e manteve forte aliança com o papado — não cesaropapismo que subjugasse totalmente a Igreja.

D: Errada. O “Estado Moderno” é um conceito tardio (Idade Moderna). Carlos Magno descentralizou poder, fortalecendo a nobreza local — portanto não submeteu a nobreza a um poder central moderno, nem atingiu uma burguesia industrial (que surgirá muito depois).

E: Errada. A expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica (Reconquista) foi um processo longo e posterior; Carlos Magno criou a Marca Hispânica como zona tampão, mas não expulsou completamente os muçulmanos nem promoveu a consolidação do poder real em detrimento dos condes.

Estratégias para prova: procure palavras-chave: “benefícios”, “vassalos”, “marcas”, “condes” — ligam a feudalização. Desconfie de termos anacrônicos (Estado Moderno, burguesia industrial) ou afirmações que invertam causalidades.

Fontes sugeridas: Marc Bloch, Sociedade Feudal; Pierre Riché, A Civilização do Ocidente Medieval; e leituras introdutórias de história medieval sobre os carolíngios.

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