A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Que os Brasileiros são bestas, e estarão a trabalhar toda a vida por manter maganos* de Portugal.
*Magano: trapaceiro.
Estas estrofes, extraídas de dois poemas do escritor baiano Gregório de Matos (1633-1696), apelidado de “Boca do Inferno”, referem-se
*Magano: trapaceiro.
Estas estrofes, extraídas de dois poemas do escritor baiano Gregório de Matos (1633-1696), apelidado de “Boca do Inferno”, referem-se
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: trata-se de uma sátira de Gregório de Matos à realidade colonial — crítica social e política que evidencia também a relação econômica entre colônia e metrópole (exploração e transferência de riqueza).
Resumo teórico: No período colonial brasileiro havia uma administração metropolitana que nomeava funcionários e controlava o comércio (pacto colonial). A literatura satírica barroca, como a de Gregório de Matos, denuncia a incompetência, a corrupção e a exploração econômica. Fontes úteis: estudos de História Colonial (B. Fausto; S. Buarque de Holanda) e as próprias poesias satíricas de Gregório de Matos.
Justificativa da alternativa B: As estrofes ironizam funcionários que se acham capazes de "governar o mundo" mas não conseguem nem a própria casa — crítica política à sociedade colonial e à administração. A expressão "estarão a trabalhar... por manter maganos de Portugal" aponta diretamente para a exploração econômica pela metrópole. Logo, o texto trata simultaneamente da situação política interna e das relações econômicas com Portugal.
Análise das alternativas incorretas:
- A — fala da decadência da metrópole e do empobrecimento da colônia: o poema critica funcionários e exploração, mas não descreve a "decadência da metrópole" como tema central; A é parcial.
- C — mistura incapacidade administrativa com "grande religiosidade": nada no trecho invoca religiosidade; portanto incorreta.
- D — afirma honestidade da nobreza portuguesa e oposição dos colonos: o poema ataca os portugueses (chamados de maganos) e aponta para a ingenuidade dos brasileiros, não para a honestidade da nobreza nem para uma resistência organizada dos colonos.
- E — diz corrupção da burocracia (parcialmente ok) e desonestidade dos colonos: o verso chama os brasileiros de "bestas" (ingênuos/explorados), não os apresenta como desonestos; logo, E distorce a crítica.
Dica de interpretação: identifique o sujeito da sátira (quem é atacado?) e o efeito das palavras-chave ("maganos", "governar cabana e vinha", "bestas") — isso aponta se a crítica é política, econômica, moral ou religiosa.
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