“Quem era a burguesia? Eram os escritores,
os doutores, os professores, os advogados, os
juízes, os funcionários – as classes educadas; eram
os mercadores, os fabricantes, os banqueiros – as
classes abastadas, que já tinham direitos e queriam
mais. Acima de tudo, queriam – ou melhor,
precisavam – lançar fora o jugo da lei feudal numa
sociedade que realmente já não era feudal.
Precisavam deitar fora o apertado gibão feudal e
substituí-lo pelo folgado paletó capitalista.
Encontraram a expressão de suas necessidades no
campo econômico, nos escritos dos fisiocratas de
Adam Smith; e a expressão de suas necessidades,
no campo social, nos trabalhos de Voltaire, Diderot e
dos enciclopedistas. O laissez-faire no comércio e
indústria teve sua contrapartida no ‘domínio da
razão’ na religião e na ciência.”
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 21ª ed.
Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1986, p. 149.
Essa Burguesia, descrita por Leo Huberman, foi
responsável por uma das principais transformações
políticas e sociais, que teve um impacto duradouro
na história do país onde ocorreu e, mais
amplamente, em todo o continente europeu. Essa
Burguesia está ligada à
Gabarito comentado
Resposta correta: B - Revolução Francesa (1789–1799)
Tema central: a questão trata da ascensão da burguesia e do papel das ideias econômicas (fisiocracia, Adam Smith, laissez‑faire) e das ideias iluministas (Voltaire, Diderot, Enciclopédia) no processo de transformação política e social. Esses elementos apontam para um grande movimento que derrubou privilégios feudais e instituiu novos princípios políticos na Europa.
Resumo teórico: durante os séculos XVII–XVIII a burguesia cresceu em poder econômico e cultural. Influenciada pelo Iluminismo (ênfase na razão, crítica ao clericalismo e aos privilégios) e por teorias econômicas liberais (fisiocratas, Adam Smith, defesa do livre-mercado), essa classe buscou substituir a ordem feudal por instituições que favorecessem propriedade privada, mercado livre e igualdade jurídica. Na França, esse conjunto convergiu numa revolução que eliminou privilégios, escreveu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e alterou profundamente a estrutura política europeia (ver Huberman; Adam Smith, A Riqueza das Nações, 1776; textos dos enciclopedistas).
Por que a alternativa B está correta: o texto apresenta termos-chave — laissez‑faire, enciclopedistas, ataque ao “jugo da lei feudal” — que refletem exatamente as causas intelectuais e sociais da Revolução Francesa. A burguesia francesa organizou‑se politicamente (Estados Gerais, Assembleia Nacional), derrubou os privilégios feudais e propôs um novo regime fundamentado na razão e nos direitos individuais (1789–1799).
Análise das alternativas incorretas:
A - Revolução Gloriosa (1688–1689): importante para o desenvolvimento do parlamentarismo inglês e dos direitos civis, mas anterior ao Iluminismo maduro e menos radical quanto à destruição do sistema feudal. Não se associa fortemente a enciclopedistas, fisiocratas ou ao discurso explícito sobre o “paletó capitalista”.
C - Revolução Russa (1917): foi liderada por movimentos socialistas/bolcheviques e visava implantar o socialismo; é antagônica ao liberalismo econômico e ao papel positivo do capitalismo/mercado descrito no texto.
D - Revolução de Avis (1383–1385): revolução dinástica medieval em Portugal, com motivações locais e de poder nobiliárquico; cronologicamente e conceitualmente distante das ideias iluministas e do liberalismo econômico citados.
Dica de resolução em provas: identifique palavras-chave ideológicas (laissez‑faire, fisiocracia, enciclopedistas, “domínio da razão”) e ligue‑as ao movimento histórico correspondente. Elimine alternativas que não combinem em tempo, conteúdo ideológico ou alcance social.
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