Questão 812e5ae5-31
Prova:PUC - Campinas 2015
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Por muito tempo vigorou, nos livros didáticos, uma simplificação dos conceitos colonização de exploração e colonização de povoamento. Tal simplificação se baseava na hipótese de que

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

      Nos poemas indianistas, o heroísmo dos indígenas em nenhum momento é utilizado como crítica à colonização europeia, da qual a elite era a herdeira. Ao contrário, pela resistência ou pela colaboração, os indígenas do passado colonial, do ponto de vista dos nossos literatos, valorizavam a colonização e deviam servir de inspiração moral à elite brasileira. (...) Já o africano escravizado demorou para aparecer como protagonista na literatura romântica. Na segunda metade do século XIX, Castro Alves, na poesia, e Bernardo Guimarães, na prosa, destacaram em obras suas o tema da escravidão.

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual Editora, 2013, p. 436-37) 

A
o primeiro conceito denunciava a exploração da mão de obra nativa e escrava em larga escala nas zonas agrícolas em todo o continente, enquanto o segundo enaltecia a fundação de núcleos urbanos, como aqueles surgidos nas zonas de mineração, considerados espaços mais democráticos e suscetíveis à mobilidade social.
B
na América Portuguesa teria predominado a exploração predatória e a devastação ambiental, sem qualquer preocupação com a ocupação do território, enquanto, na América Espanhola, o povoamento planejado teria sido o foco central da empresa colonizadora.
C
o modelo de exploração era atribuído à colonização ibérica, e o modelo de povoamento à colonização inglesa, buscando diagnosticar os contrastes entre atraso e desenvolvimento e minimizando alguns elementos complicadores como o fato de que nas colônias britânicas também existiu a plantation e intensa exploração.
D
essa diferenciação havia sido instituída no discurso oficial das próprias metrópoles e amplamente ratificada pelos missionários religiosos que atuaram nas Américas, a fim de reforçar a ideia de que a catequização fazia parte de um processo de povoamento com resultados civilizatórios, diferente da ação dos primeiros aventureiros.
E
o primeiro conceito remetia ao período compreendido entre os séculos XV e XVIII, quando teria predominado a extração de matérias primas e metais preciosos no continente, enquanto o segundo valorizava a ampla imigração europeia dos séculos XIX e XX, considerada altamente benéfica para o desenvolvimento das ex-colônias.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: trata-se da crítica à simplificação historiográfica entre “colonização de exploração” e “colonização de povoamento”. A questão exige identificar qual alternativa descreve corretamente essa simplificação e sua crítica — isto é, mostrar que o contraste clássico atribuía modelos distintos às metrópoles, mas ocultava complexidades.

Resumo teórico: A divisão simplificada opõe colonizações “de exploração” (extração de riquezas, trabalho escravo, baixa imigração) e “de povoamento” (migração massiva de colonos, formação de sociedade mestiça/plebéia). A historiografia contemporânea (ver Napolitano & Villaça; Caio Prado Júnior) mostra que essa polarização é reducionista: mesmo nas colônias britânicas houve plantations e exploração; nas colônias ibéricas houve diferentes formas de povoamento e urbanização.

Por que a alternativa C é correta? Ela afirma que o modelo de exploração era atribuído à colonização ibérica e o de povoamento à inglesa, e observa corretamente que essa leitura minimiza elementos complicadores — por exemplo, a existência de plantation e intensa exploração também nas colônias britânicas. Essa resposta sintetiza a crítica historiográfica à simplificação, exatamente o ponto exigido pela questão.

Análise das alternativas incorretas:

A) Incorreta — mistura conceitos e afirma que zonas de mineração eram “espaços mais democráticos”: isso é falso; as sociedades mineradoras tiveram forte desigualdade e controle fiscal. A alternativa confunde e generaliza sem tratar da hipótese historiográfica central.

B) Incorreta — apresenta uma oposição rígida entre América Portuguesa (devastação) e Espanhola (povoamento planejado). Essa diferenciação regional é simplista e não corresponde à crítica apresentada, além de generalizar erroneamente.

D) Incorreta — atribui a diferenciação ao discurso oficial das metrópoles e missionários. Na verdade, a distinção é sobretudo uma construção historiográfica e escolar posterior; missionários promoveram povoamento em alguns contextos, mas não institucionalizaram essa dicotomia historiográfica.

E) Incorreta — temporaliza os conceitos (XV–XVIII vs XIX–XX) de modo inadequado: a oposição não se refere simplesmente a períodos cronológicos ou à imigração tardia, mas a modelos explicativos aplicados às diferentes metrópoles e suas colônias.

Fonte recomendada: Napolitano & Villaça, História para o ensino médio; Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo — para aprofundar a crítica à divisão simplista.

Estratégia de prova: busque palavras-chave (atribuição de modelos às metrópoles; reconhecimento de exceções/complexidades) e desconfie de alternativas que generalizam espaços ou períodos sem nuance.

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