Questão 81282c37-31
Prova:PUC - Campinas 2015
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

No sistema colonial português, o trabalho compulsório indígena

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

      Nos poemas indianistas, o heroísmo dos indígenas em nenhum momento é utilizado como crítica à colonização europeia, da qual a elite era a herdeira. Ao contrário, pela resistência ou pela colaboração, os indígenas do passado colonial, do ponto de vista dos nossos literatos, valorizavam a colonização e deviam servir de inspiração moral à elite brasileira. (...) Já o africano escravizado demorou para aparecer como protagonista na literatura romântica. Na segunda metade do século XIX, Castro Alves, na poesia, e Bernardo Guimarães, na prosa, destacaram em obras suas o tema da escravidão.

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual Editora, 2013, p. 436-37) 

A
foi empregado em pequena escala nas missões e em regiões onde não se dispunha de outra mão de obra, até a expulsão da Companhia de Jesus, no século XVII, momento em que a Coroa Portuguesa regulamentou essa forma de exploração.
B
mostrou-se menos vantajoso aos proprietários de terras, nas grandes lavouras, considerando, entre outros fatores, as rebeliões e fugas frequentes, favorecidas pelo conhecimento da região e a eficácia do tráfico negreiro no abastecimento de mão de obra.
C
assumiu formas distintas ao longo do processo de colonização, sendo empregado sistematicamente nas Entradas e Bandeiras mediante acordos entre brancos e indígenas, os quais previam a divisão das riquezas eventualmente encontradas.
D
causou grande polêmica ao longo do período colonial principalmente quando se tratava de escravidão, prática combatida por jesuítas como José de Anchieta e André João Antonil, que defendiam que sequer os negros deveriam ser escravizados.
E
existiu na forma de trabalho semi-servil, com o consentimento da Igreja, quando se entendia que os indígenas da região não poderiam ser “pacificados” ou catequizados sem uso da força, ou seja, quando se praticava a chamada Guerra Santa.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: entende-se a dinâmica do trabalho no sistema colonial português — especialmente por que o trabalho indígena não se consolidou como base das grandes lavouras e foi progressivamente substituído pelo trabalho escravo africano. É conhecimento recorrente em provas de História do Brasil.

Resumo teórico: no período colonial o trabalho indígena apareceu em formas variadas (serviço nas missões, tributos, corveias, captura por bandeirantes), mas mostrou-se pouco adequado às grandes plantações de açúcar. Fatores decisivos: queda demográfica indígena por doenças, maior facilidade de fuga e resistência (conhecimento do território), e a crescente oferta de africanos pelo tráfico atlântico. Essas condições tornaram o trabalho africano mais "rentável" — do ponto de vista dos senhores — para grandes lavouras (ver Napolitano & Villaça, História para o ensino médio, 2013).

Por que a alternativa B está certa: ela reúne as principais razões históricas: rebeliões e fugas indígenas eram frequentes e eficazes (fácil integração no ambiente), e o tráfico negreiro forneceu mão de obra intensiva que atendeu à demanda das plantações. Assim, para os proprietários de terras, o uso sistemático de indígenas era menos vantajoso.

Análise das incorretas:

A — Errada. Afirma que a expulsão da Companhia de Jesus ocorreu no século XVII; na verdade foi em 1759 (século XVIII, ação de Marquês de Pombal). Além disso, missões usavam trabalho indígena, mas a cronologia e o quadro institucional da alternativa estão imprecisos.

C — Errada. Generaliza que Entradas e Bandeiras funcionaram mediante acordos que previam divisão de riquezas. Embora houvesse alianças pontuais com grupos indígenas, as expedições frequentemente recorriam à coerção, captura e escravização, não a acordos formais de partilha.

D — Errada. Mistura personagens e posições: jesuítas criticavam certas formas de exploração indígena, mas a alternativa exagera e afirma que figuras como Anchieta/Antonil combateram genericamente a escravidão de negros — isso não corresponde à historiografia; as posições eram variadas e não equivalem à oposição sistemática à escravidão africana.

E — Errada. Afirma que existiu “trabalho semi-servil com consentimento da Igreja” rotulado como “Guerra Santa”. Trata-se de simplificação e termo anacrônico: a Igreja discutia “guerra justa” e limites morais, mas não havia um regime padronizado de “Guerra Santa” que institucionalizasse esse tipo de trabalho.

Fonte sugerida: Napolitano & Villaça, História para o ensino médio (2013); revisões introdutórias sobre escravidão e trabalho colonial em obras de Stuart B. Schwartz e Boris Fausto.

Dica de prova: atente para datas, termos absolutos (sempre/sistematicamente) e nomes próprios — geralmente as alternativas erradas contêm imprecisões cronológicas ou generalizações.

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