Questão 812537bf-31
Prova:PUC - Campinas 2015
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Durante a Idade Média, havia um imaginário vinculado às cruzadas, pautado pela concepção de que

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

      (...) os mitos e o imaginário fantástico medieval não foram subitamente subtraídos da mentalidade coletiva europeia durante o século XVI. (...) Conforme Laura de Mello e Sousa, “parece lícito considerar que, conhecido o Índico e desmitificado o seu universo fantástico, o Atlântico passará a ocupar papel análogo no imaginário do europeu quatrocentista”.

(VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem: expectativas, projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498- 1554). São Paulo: Annablume, 2010, p. 197) 

A
os nobres tinham a missão sagrada de proteger a população europeia dos “infiéis” que, após a tomada da Península Ibérica, vinham impondo violentamente sua crença e cobrando altos impostos a toda a cristandade.
B
os vassalos deveriam morrer por meio do “bom combate” pois, ainda que não houvesse esperança alguma de reconquistar Jerusalém, o sacrifício humano fortaleceria a fé católica e o poder do Papa.
C
a Guerra Santa iniciada pelos muçulmanos era uma provação que os cristãos deveriam enfrentar para que a tragédia da Peste Negra e outros castigos divinos não voltassem a incidir sobre o Ocidente.
D
a longa peregrinação e os combates militares movidos pela fé, a fim de recuperar a Terra Santa, assegurariam, a todos os participantes, o perdão de seus pecados e a purificação de suas almas.
E
o enriquecimento obtido através de pilhagens deveria ser inteiramente destinado às ordens mendicantes instaladas no Oriente e às famílias pobres muçulmanas como prova do não apego aos bens materiais pela Igreja católica.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: a questão aborda a mentalidade medieval sobre as Cruzadas — entendidas como mistura de peregrinação e guerra santa — e a crença de que participar delas conferia benefícios espirituais, sobretudo o perdão dos pecados.

Resumo teórico: Desde o concílio de Clermont (1095) e as bulas papais que incentivaram a Primeira Cruzada, a guerra contra os infiéis foi apresentada como uma forma de peregrinação armada. Fontes contemporâneas (ex.: relatos de Fulcher de Chartres; pronunciamentos papais) e estudos modernos (Jonathan Riley‑Smith, The First Crusade and the Idea of Crusade; Christopher Tyerman, God’s War) enfatizam que a participação garantia remissão de penas e indulgências, integrando penitência e recompensa espiritual.

Por que a alternativa D é correta: ela sintetiza a ideia-chave medieval: a jornada e o combate religiosos para recuperar a Terra Santa eram vistos como meios de purificação da alma e perdão dos pecados. Essa crença é corroborada por bulas papais que concediam indulgências plenas aos cruzados e pela retórica clerical que comparava o crusadeiro ao peregrino penitente.

Análise das alternativas incorretas:

A — mistura índices da Reconquista ibérica com uma visão simplista. As Cruzadas não se resumiam à missão dos nobres apenas para proteger a Europa contra imposição religiosa na Península; trata‑se de interpretação imprecisa e reducionista.

B — apresenta a ideia de “morrer sem esperança” e de sacrifício voltado a fortalecer o Papa; embora a autoridade papal estivesse presente, a ênfase cristã era em remissão e vitória espiritual/temporal, não em um sacrifício sem esperança.

C — anacrônica e falsa: liga as Cruzadas à Peste Negra como castigo e afirma que foram iniciadas pelos muçulmanos. As Cruzadas começam no século XI por iniciativa cristã; a Peste Negra ocorre no século XIV.

E — inverossímil: pilhagens e saques ocorreram, mas não havia norma que exigisse destinar todo o saque às ordens mendicantes ou aos pobres muçulmanos; a proposta contraria práticas e justificativas documentadas.

Dica de prova: busque palavras-chave como “perdão”, “indulgência”, “peregrinação” e detecte anacronismos (ex.: Peste Negra) para eliminar alternativas.

Fontes recomendadas: Jonathan Riley‑Smith, The First Crusade and the Idea of Crusade; Christopher Tyerman, God’s War; discursos e bulas papais do período (por exemplo, relatos sobre o Concílio de Clermont).

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo