Os visigodos, ou seja, aqueles outros aliados e cultivadores do solo ocupado, estavam aterrados como o haviam estado seus
parentes e não sabiam que fazer, por causa do povo dos Hunos [...] enviaram embaixadores à România [...] para dizer que se lhes
dessem uma parte da Trácia ou da Mésia a fim de cultivarem, eles se submeteriam às suas leis e decisões. E para que pudesse ter
maior confiança neles, prometeram tornar-se cristãos [...] Quando [imperador] Valente ouviu isto, concedeu alegre e prontamente o
que ele próprio havia tencionado pedir [aliança romana/visigótica].
(JORDANES apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média. Textos e testemunhas. São Paulo: UNESP, 2000.)
Sobre o assunto abordado no texto, assinale a afirmativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: trata-se da política romana de integração das populações germânicas (ex.: visigodos) através de pactos (foedera) que combinaram inserção pacífica e confrontos militares. Conhecimentos-chave: conceito de foederati, migrações do século IV, evento de 376–378 (assentamento dos visigodos e a Batalha de Adrianópolis).
Resumo teórico: A partir do século IV, o Império Romano optou frequentemente por acomodar tribos bárbaras como federados — concedendo terras e autonomia em troca de serviço militar — em vez de apenas combatê‑las. Essa prática conviveu com episódios de conflito violento (ex.: lutas por alimentos, erro de gestão imperial, revoltas), demonstrando uma dinâmica mista: negociação institucional e guerra.
Justificativa da alternativa D: O texto mostra os visigodos pedindo terras para cultivar e submetendo‑se às leis romanas, com promessa de conversão — típica negociação de foedus. Ao mesmo tempo, a história registra confrontos sangrentos (p.ex. Adrianópolis, 378). Logo, o avanço germânico se processou tanto por pactos quanto por conquista militar.
Análise das incorretas:
A — Falsa: diferenças religiosas (arianismo vs. catolicismo) existiam, mas não impediram alianças ou assimilação; muitos chefes germânicos aceitaram pactos e até converteram‑se.
B — Parcialmente equivocada: Roma precisou de mão de obra e soldados, mas a política dominante foi incorporar tropas federadas e assentá‑las, não escravizá‑las em massa para latifúndios.
C — Incorreta: a entrega de terras decorreu mais da pressão migratória e da necessidade militar/administrativa do que de um “esgotamento do solo” como causa determinante.
E — Frágil: a oposição dos pequenos proprietários não é documento histórico central para explicar a decisão imperial; a medida visava sobretudo ganhos estratégicos e militares, tendo complexos efeitos sociais.
Fontes e leituras recomendadas: Jordanes (Getica) — testemunho contemporâneo; Peter Heather, The Goths; estudos sobre o sistema foederati e a Codificação teodosiana para o contexto legal.
Estratégia de prova: busque palavras-chave que indiquem negociação (assentamento, submissão a leis, promessa de cristianização) e cuidado com afirmações absolutas nas alternativas — elas costumam ser armadilhas.
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