Leia o texto a seguir:
“De fato, a Revolução Cubana marcou a história da América Latina. Ela passou a ser símbolo de liberdade,
que passava pela vitória frente aos Estados Unidos. O governo de Washington estava ciente do potencial
revolucionário latino-americano e temeroso do exemplo cubano. Em março de 1961, Washington lançou a
“Aliança para o Progresso”, pacote com o qual se pretendia acabar com as tentativas revolucionárias dos
latino-americanos. Reconhecendo a situação de miséria do continente, o plano apontava a necessidade de
mudanças no perfil social na América Latina, e mais do que generosidade, o plano revelava a temeridade
americana com relação à influência da Revolução Cubana na região. Prometia muitos benefícios e dinheiro
em troca da ruptura com Havana”
Fonte: GUERCIO, Maria Rita; CARVALHO, Dorisney de. Cuba e Estados Unidos: uma história de hostilidades. In:
COGGIOLA, Osvaldo (org.). Revolução Cubana: história e problemas atuais. São Paulo: Xamã, 1998. p. 133.
Considerando a Revolução Cubana, analise as afirmativas abaixo e assinale (C) para as corretas e (I) para as
incorretas:
( ) O temor de Washington em relação à influência da Revolução Cubana desencadeou uma gama de
golpes militares na América Latina, sendo os Estados Unidos da América um dos grandes
articuladores desses episódios.
( ) Uma das maiores crises políticas da Guerra Fria foi a Crise dos Mísseis, ocorrida em 1962, uma vez
que a instalação de mísseis nucleares em Cuba foi a resposta soviética para a instalação de mísseis
nucleares na Turquia pelos EUA.
( ) O programa “Aliança para o Progresso” não logrou êxito como almejava Washington, pois
movimentos revolucionários ligados à URSS conquistaram o governo da Venezuela.
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
Gabarito comentado
Resposta correta: B — C, C, I
Tema central: a influência da Revolução Cubana (1959) na política da Guerra Fria na América Latina: reações dos EUA (Aliança para o Progresso, intervenções) e a Crise dos Mísseis (1962). É necessário conhecer cronologia, atores (EUA, URSS, Cuba) e exemplos de intervenções.
Resumo teórico rápido: após 1959 Cuba passou a ser símbolo revolucionário. Os EUA buscaram conter sua influência por meios diplomáticos (Aliança para o Progresso, 1961), econômicos e, em casos, encobertos/operacionais (apoio a golpes ou a elites anticomunistas). Em 1962 a descoberta de mísseis soviéticos em Cuba gerou a maior crise nuclear da Guerra Fria; uma das motivações soviéticas foi equilibrar a presença de mísseis americanos na Turquia.
Análise das afirmativas
1ª — Correta (C): O medo estadunidense da “contaminação” revolucionária estimulou intervenções e apoio a golpes na região. Exemplos: apoio político e logístico dos EUA em golpes (p. ex. 1954 Guatemala; influência e apoio no contexto de 1964 no Brasil e 1973 no Chile). Fontes úteis: P. Gleijeses (estudos sobre Cuba e intervenção) e arquivos da CIA sobre América Latina.
2ª — Correta (C): A Crise dos Mísseis (outubro de 1962) decorreu da instalação de mísseis soviéticos em Cuba; um dos fatores reais foi a presença de mísseis nucleares dos EUA na Turquia/Itália, que Moscou buscou contrabalançar. Para aprofundar: Graham Allison, Essence of Decision; Fursenko & Naftali, One Hell of a Gamble.
3ª — Incorreta (I): A Aliança para o Progresso falhou parcialmente em seus objetivos de reforma estrutural, mas a justificativa dada — “movimentos revolucionários ligados à URSS conquistaram o governo da Venezuela” — é falsa. A Venezuela não teve um governo soviético conquistado na década de 1960; Hugo Chávez assume apenas em 1999 e não como movimento direto da URSS. Assim, a causa indicada está equivocada.
Dica de prova: leia com atenção datas e nomes; identifique palavras-chave ("resposta soviética", "apoio a golpes", "conquistaram o governo") e verifique anacronismos (ex.: associar Chávez/1999 a programas dos anos 1960).
Fontes sugeridas: documentos presidenciais sobre a Aliança para o Progresso (JFK, 1961); Graham Allison, Essence of Decision (Cuban Missile Crisis); P. Gleijeses, estudos sobre Cuba e intervenções.
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