Um aspecto importante do calvinismo é a valorização
moral do trabalho e da poupança, que resulta numa situação
de bem-estar social e econômico, o que poderia ser interpretado como sinal favorável de Deus à salvação do indivíduo.
Nesse sentido, o calvinismo se associa à ideologia burguesa
nascente, dignificadora do trabalho e do hábito de poupar,
que aí encontram uma justificativa religiosa.
(Fernando Seffner. Da Reforma à Contrarreforma, 1993.)
Ao tratar das Reformas Religiosas, o autor menciona a relação entre o calvinismo e
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: a relação entre o calvinismo e a ética econômica nascente da burguesia — especialmente a ideia de que o sucesso econômico podia ser interpretado como um sinal divino da eleição (predestinação).
Resumo teórico: o calvinismo (João Calvino) defendia a doutrina da predestinação: Deus já teria escolhido os eleitos para a salvação. Como não havia certeza direta dessa eleição, sinais terrenos — como disciplina no trabalho, frugalidade e prosperidade — passaram a ser interpretados como indícios da graça. Max Weber desenvolveu essa ligação em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, mostrando como crenças religiosas favoreceram hábitos compatíveis com a acumulação de capital.
Justificativa da alternativa C: a proposição afirma que o sucesso econômico foi entendido como indício da predestinação — exatamente o ponto central do comentário: a valorização do trabalho e da poupança como sinais favoráveis de Deus. Portanto, C é corretamente identificada como a consequência religiosa que legitima a ascensão da ética burguesa.
Análise das alternativas incorretas:
A: afirma condenação da riqueza pelas igrejas protestantes — incorreto. Embora o cristianismo critique o apego ao dinheiro, o calvinismo não condenava automaticamente a riqueza; via prosperidade como possível sinal de eleição.
B: diz que o trabalho era atividade desonrosa — falso. Pelo contrário, o trabalho foi dignificado como vocação (calling) e valor moral fundamental.
D: proclama que a ética burguesa era contrária ao lucro e à cobrança de juros — equivocado. A ética burguesa valorizava lucro lícito e a racionalização econômica; objeções ao usurário existiam, mas não resultaram em condenação do lucro empresarial.
E: sustenta que a poupança era desvalorizada como pecado — também errado. A poupança e a frugalidade foram incentivadas como práticas virtuosas e instrumentais para o crescimento econômico e sinal de disciplina moral.
Dica de prova: ao identificar termos como "sinal favorável de Deus" ou "indício da salvação", associe imediatamente ao conceito de predestinação e à tese weberiana. Procure a alternativa que conecte religião e sucesso econômico — geralmente a correta em itens sobre calvinismo e capitalismo.
Referências indicadas: Max Weber, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; Fernando Seffner, Da Reforma à Contrarreforma.
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