Quando os Holandeses passaram à ofensiva na sua Guerra dos Oitenta Anos pela independência contra a Espanha, no fim do século XVI, foi contra as possessões coloniais portuguesas, mais do que contra as espanholas, que os seus ataques mais fortes e mais persistentes se dirigiram. Uma vez que as possessões ibéricas estavam espalhadas por todo o mundo, a luta subsequente foi travada em quatro continentes e em sete mares e esta luta seiscentista merece muito mais ser chamada a Primeira Guerra Mundial do que o holocausto de 1914-1918, a que geralmente se atribui essa honra duvidosa. Como é evidente, as baixas provocadas pelo conflito ibero-holandês foram em muito menor escala, mas a população mundial era muito menor nessa altura e a luta indubitavelmente mundial.
Charles Boxer, O império marítimo português, 1415-1825.
Lisboa: Edições 70, s.d., p.115.
Podem-se citar, como episódios centrais dessa “luta seiscentista”, a
Charles Boxer, O império marítimo português, 1415-1825.
Lisboa: Edições 70, s.d., p.115.
Podem-se citar, como episódios centrais dessa “luta seiscentista”, a
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: trata-se da expansão marítima europeia do século XVII e do conflito ibero‑holandês que se desenrolou globalmente — ataques e contrataques entre holandeses, portugueses e espanhóis nas Américas, África e Ásia. É preciso relacionar atores, datas e locais para identificar episódios centrais desse conflito.
Resumo teórico: a Guerra dos Oitenta Anos (1568–1648) levou a ofensivas holandesas contra possessões ibéricas. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais e a Companhia Holandesa das Índias Orientais buscaram dominar rotas e entrepostos: ocuparam partes do Nordeste brasileiro (Pernambuco, 1630s), fundaram Nova Amsterdã (década de 1620, futuro Nova York) e deslocaram o domínio português nas Molucas (ilhas das especiarias) no início do século XVII. (Ver Charles R. Boxer, The Dutch Seaborne Empire; The Portuguese Seaborne Empire.)
Por que B é correta: B reúne três episódios centrais e conectados ao conflito holandês contra possessões ibéricas: a invasão holandesa de Pernambuco (ocupação de Recife/Olinda a partir de 1630), a fundação de Nova Amsterdã pelos holandeses na América do Norte (anos 1620) e a perda das Molucas pelos portugueses para os holandeses no século XVII — todos reflexos da ofensiva holandesa global descrita por Charles Boxer.
Análise das alternativas incorretas:
A: mistura eventos fora do núcleo do conflito seiscentista — a conquista do México foi obra espanhola no séc. XVI (1521) e a colonização holandesa da Indonésia foi gradual; a fundação de Salvador (1549) antecede a fase citada.
C: contém imprecisões: embora houvesse presença holandesa na costa africana, a fundação de Olinda é portuguesa e anterior (séc. XVI) e não houve “colonização espanhola do Japão”.
D: impossível: não houve “expulsão dos holandeses da Espanha” relevante nesse contexto; Colônia do Sacramento (1680) é posterior e alvo de disputas luso‑hispano‑brazilianas, e o controle do Cabo da Boa Esperança foi português antes de cair para os holandeses (1652), não “perda espanhola”.
E: contém anacronismos e erros: holandeses atacaram Angola (Luanda ocupada temporariamente 1641–1648) mas “conquista de Guiné” e “fundação de Buenos Aires” (1580/1590) e a expulsão dos judeus de Portugal (1497) não correspondem ao núcleo seiscentista do conflito ibero‑holandês.
Dica de resolução em provas: identifique o período sugerido pelo texto, associe atores às regiões (Holanda → Índias Orientais/Ocidentais) e descarte alternativas com eventos fora do tempo ou protagonizados por outros países.
Fonte recomendada: Charles R. Boxer, The Portuguese Seaborne Empire; The Dutch Seaborne Empire — leituras clássicas sobre o confronto marítimo ibero‑holandês.
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