Um aspecto importante do calvinismo é a valorização
moral do trabalho e da poupança, que resulta numa situação
de bem-estar social e econômico, o que poderia ser interpretado como sinal favorável de Deus à salvação do indivíduo.
(Fernando Seffner. Da Reforma à Contrarreforma, 1993.)
Da afirmação, depreende-se que o calvinismo
Gabarito comentado
Gabarito: B
Tema central: cultura religiosa do calvinismo — ética do trabalho, poupança e a relação entre fé e prosperidade econômica. Conhecimento útil: doutrina da predestinação e a tese clássica de Max Weber sobre a "ética protestante" como fator cultural favorável ao surgimento do capitalismo.
Resumo teórico: o calvinismo valorizou o trabalho como vocação (calling) e incentivou uma austeridade que favorecia a acumulação de capital via poupança e reinvestimento. Max Weber (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, 1905) argumenta que esse conjunto de valores criou um ambiente cultural propício ao desenvolvimento do capitalismo moderno — não como causa única, mas como importante condicionante.
Por que a alternativa B é correta: ela traduz a ideia-chave: trabalho e enriquecimento passaram a ter justificativa religiosa (sinal de diligência e possível sinal de eleição divina), incentivando práticas econômicas — esforço, disciplina, poupança — que favorecem o capitalismo. A formulação está em consonância com Weber e com interpretações históricas do impacto calvinista.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta. O calvinismo não eliminou Deus nem o papel da igreja; reforçou a soberania divina e a doutrina da predestinação, embora tenha promovido novas relações entre indivíduo e religião.
C — Incorreta. Houve expropriações de bens eclesiásticos em alguns contextos reformados, mas não uma distribuição generalizada "ao povo" visando bem‑estar; muitas vezes esses bens beneficiaram príncipes ou novas instituições.
D — Incorreta. O calvinismo não reforçou estruturas feudais; sua ética fomentou atitudes econômicas que, ao contrário, contribuíram para transformações nas relações sociais e econômicas que favoreceram o capitalismo.
E — Incorreta. A proposta confunde austeridade com condenação da prosperidade: a ética puritana valorizava a austeridade no consumo, mas aceitava a prosperidade como possível evidência da graça — não contrária à doutrina da predestinação.
Dica de prova: identifique palavras‑chave do enunciado (trabalho, poupança, sinal favorável de Deus) e relacione imediatamente à noção de "ética do trabalho" — isso agiliza eliminação de alternativas que confundem doutrina teológica com efeitos socioeconômicos.
Referências: Weber, M. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905); contexto interpretativo de Fernando Seffner sobre Reforma.
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