Sob o ponto de vista militar, houve duas atividades: a
abertura do exército aos “bárbaros” e a instalação de povos
germanos no território romano.
Uma outra política mostrou-se mais perigosa para a integridade do Império: a instalação de povos inteiros, organizados e não assimilados em território romano. Por meio de um
contrato com Roma, os povos “bárbaros” ocupavam as terras
romanas e, em troca, forneciam ao governo imperial um certo
número de soldados.
(Maria Sonsoles Guerras. Os povos bárbaros, 1987. Adaptado.)
Apesar de “perigosa”, essa política do Império Romano apresentou, como vantagem,
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A — a defesa das fronteiras contra outros povos, fossem germanos ou não.
Tema central: trata-se da política romana de assentar povos “bárbaros” dentro do império por meio de contratos (foedera), criando os chamados foederati. Essa medida visava, sobretudo, obter tropas e proteção das fronteiras em regiões onde o Estado já não conseguia manter controle direto.
Resumo teórico: no baixo Império (sécs. III–V), Roma usou dois mecanismos militares: incorporar indivíduos bárbaros às fileiras e assentar grupos inteiros como povos federados. O acordo (foedus) garantia terras em troca de homens armados para vigiar limites e repelir invasões. Fontes e estudos: textos antigos (p.ex. Ammianus Marcellinus) e obras modernas como Peter Heather, The Fall of the Roman Empire, e Maria Sonsoles Guerras (citada no enunciado).
Por que A é correta: a principal vantagem prática desses assentamentos era reforçar a defesa local das fronteiras sem mobilizar inteiramente os recursos imperiais. Os foederati atuavam como guarnições e amortecedores contra incursões, cumprindo o papel de polícia militar fronteiriça.
Análise das alternativas incorretas:
B — fornecimento de escravos: errado. O objetivo dos assentamentos não era prover mão de obra escrava para latifúndios; povos federados mantinham autonomia e não eram integrados como escravos.
C — processo de absorção dos costumes bárbaros pelos romanos: incorreto; o enunciado destaca que os povos eram “organizados e não assimilados”. O assentamento muitas vezes preservou identidades próprias, ao contrário de assimilação imediata.
D — estabilidade política com participação de bárbaros no governo: enganoso. Embora alguns líderes bárbaros tenham alcançado posições (p.ex. generais), os assentamentos frequentemente geraram tensões políticas e crises, não estabilidade garantida.
E — substituição de voluntários romanos por guerreiros profissionais: próximo, mas impreciso. A prática aumentou o uso de tropas federadas e mercenárias, mas a vantagem direta do assentamento era proteger fronteiras; a substituição do contingente romano é consequência mais ampla, não a vantagem imediata indicada no texto.
Dica para provas: Busque termos-chave do enunciado (“ocupavam as terras… em troca forneciam… soldados”) para identificar o efeito imediato; desconfie de alternativas que extrapolam ou invertem a relação causa/efeito.
Fonte recomendada para estudo: Peter Heather (The Fall of the Roman Empire), Maria Sonsoles Guerras (Os povos bárbaros), e textos de Ammianus Marcellinus.
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