Considere os excertos abaixo:
“Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento.”(Samba-enredo, Mangueira, 2019).
“Eram três caravelasQue chegaram d´além marE a terra chamou-se AméricaPor ventura? Por azar?
Não sabia o que fazia, não.
D. Cristóvão, capitão.
Trazia, em vão, Cristo no nome,
E, em nome dele, o canhão.
(...)
Quinhentos anos de quê?
(Belchior, Quinhentos anos de quê?, 1993).
“A história é sempre escrita pelos vencedores. Imaginem como
seria a história da América escrita pelos indígenas (...) Como
seria?.”
(José Saramago, 2007).
Esses excertos problematizam o modo como a história oficial
conceitualiza a colonização da América
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa B
1. Tema central
A questão trata da crítica à narrativa tradicional do "descobrimento" da América e da colonização, apontando a necessidade de considerar perspectivas múltiplas — especialmente a dos povos indígenas — na construção da história oficial.
2. Resumo teórico
Historiografia crítica destaca que a história não é neutra: muitas vezes é escrita segundo a visão dos vencedores. Autores como E. H. Carr (O que é História?) e Marc Bloch reforçam a importância de problematizar fontes e incluir vozes silenciadas. Assim, interpretar colonização exige olhar plural e fontes diversas (documentais, orais, arqueológicas).
3. Justificativa da alternativa correta (B)
Os excertos citados questionam a versão heroica do “descobrimento” e indagam sobre para quem se escreveram os relatos. Logo, apontam explicitamente para a necessidade de incorporar o ponto de vista dos diversos sujeitos históricos — indígenas, africanos, colonizados — para uma narrativa mais completa. Por isso, a alternativa B é a correta.
4. Análise das alternativas incorretas
A — afirma o oposto: sugere evidenciar a perspectiva do vencedor. Errado: os excertos criticam justamente essa perspectiva hegemônica.
C — diz que há crítica à ideia de que o ponto de vista indígena revele a verdade. Errado: os textos defendem justamente a inclusão dessa perspectiva, não a sua desqualificação.
D — reduz a crítica a “corrigir historiadores” que adotam a visão de Colombo. Parcialmente enganosa: embora critique narrativas colônicas, o foco é mais amplo — reivindicar pluralidade e questionar o termo “descobrimento” — não só corrigir um autor específico.
5. Estratégia para resolver questões semelhantes
Procure palavras-chave nos enunciados: "vencedores", "perspectiva", "necessidade de considerar", "problematizam". Compare a intenção dos excertos com o sentido literal das alternativas. Evite alternativas que inverterem o sentido crítico presente no texto.
Fontes recomendadas: E. H. Carr, O que é História?; Marc Bloch, A Escrita da História; leituras sobre historiografia crítica e estudos subalternos.
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