(...) dividamos a experiência (passeio na montanha-russa) em três partes. A primeira é a da ascensão contínua, metódica e persistente (...). Essa fase representa o período do século XVI até meados do século XIX, quando as elites da Europa promovem o desenvolvimento tecnológico que lhes asseguraria o domínio do mundo. A segunda nos precipita em uma queda vertiginosa, com a perda das referências do espaço, do que nos cerca e até o controle das faculdades conscientes (...). Isto ocorreu ao redor de 1870, com a chamada Revolução Científico-Tecnológica. (...) A terceira é a do loop, o clímax da aceleração precipitada, que representaria o atual período, assinalado por um novo surto dramático de transformações, a Revolução da Microeletrônica (...) o que faz os dois movimentos anteriores parecerem projeções em câmera lenta. (...) O aparato tecnológico torna-se cada vez mais imprevisível, irresistível e incompreensível.
(Nicolau Sevcenko, A corrida para o século XXI, 2001, p. 14-17)
Segundo o texto,
(Nicolau Sevcenko, A corrida para o século XXI, 2001, p. 14-17)
Segundo o texto,
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: interpretação de uma metáfora sobre a aceleração histórica ligada a revoluções tecnocientíficas — como a passagem descreve fases (ascensão, queda, loop) e destaca efeitos sociais: espetacularização, velocidade e falta de reflexão (presentismo).
Resumo teórico: Nicolau Sevcenko usa a metáfora da montanha‑russa para mostrar rupturas e acelerações tecnológicas: do domínio mercantil/industrial (séculos XVI–XIX) à Revolução Científico‑Tecnológica (c.1870) e, finalmente, à Revolução da Microeletrônica (contemporânea), que intensifica ritmo e torna o aparato tecnológico imprevisível e incompreensível. Conceitos úteis: modernidade, revolução técnica, sociedade do espetáculo (Guy Debord) e sociedade da informação (Manuel Castells).
Por que a alternativa A é correta: A reescreve fielmente a crítica do texto: aponta que as revoluções tecnológicas geraram invenções e uma cultura da imagem e da velocidade — “espetacularização” e “idolatria das imagens” — e conduzem a um presentismo, com ausência de reflexão crítica. Essa leitura está alinhada ao tom crítico do autor, que enfatiza imprevisibilidade e perda de referências.
Análise das alternativas incorretas:
- B: Erra ao elogiar a tecnologia como critério positivo que torna o homem consciente de sua ação histórica. O texto é crítico e mostra perda de controle e referências — não celebração.
- C: Afirma que a microeletrônica permite controle, preservação ambiental e menor violência. Contrapõe o texto, que diz justamente o oposto — que o aparato se torna imprevisível e irresistível.
- D: Apresenta visão otimista (fim das guerras, mundo solidário). Textualmente infundada: Sevcenko não afirma que a tecnologia conduza a um mundo mais solidário.
- E: Diz que a tecnologia democratiza a informação e facilita a reflexão consciente. Embora haja democratização parcial, o texto ressalta a crescente incompreensibilidade e ausência de reflexão — logo, esta alternativa é tendenciosa e simplista.
Estrategia de prova: procure o tom do autor (crítico vs. celebratório) e palavras-chave do enunciado (imprevisível, irresistível, incompreensível, presentismo). Alternativas que reescrevem esse tom crítico tendem a ser corretas; as que oferecem otimismo acrítico são possíveis "pegadinhas".
Referências rápidas: Nicolau Sevcenko, A corrida para o século XXI (2001); Guy Debord, A sociedade do espetáculo (1967); Manuel Castells, The Rise of the Network Society (1996).
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