Leia um trecho de uma entrevista com o historiador Francisco Alembert.
(...) os governos vêm sucessivamente utilizando a retórica, a imagem e o mito do governo de Juscelino, por isso ele continua tão forte e tão presente. Mas há também algo em comum na utilização de JK por esses governos. De uma forma ou de outra, eles procuram justificar o crescimento econômico dentro da democracia. Ele agradava a burguesia, porque se mostrava um governo modernizador, e também agradava a esquerda, mesmo não tendo uma política de esquerda. Mas alcançou um crescimento realmente fantástico, nunca visto antes. O grande problema é que isso não foi dividido por toda a sociedade.
(www.sinprosp.org.br/reportagens_entrevistas.asp?especial=102&materia=281. Acessado em 20.08.2014)
A partir da entrevista, é correto afirmar que o chamado mito JK
Leia um trecho de uma entrevista com o historiador Francisco Alembert.
(...) os governos vêm sucessivamente utilizando a retórica, a imagem e o mito do governo de Juscelino, por isso ele continua tão forte e tão presente. Mas há também algo em comum na utilização de JK por esses governos. De uma forma ou de outra, eles procuram justificar o crescimento econômico dentro da democracia. Ele agradava a burguesia, porque se mostrava um governo modernizador, e também agradava a esquerda, mesmo não tendo uma política de esquerda. Mas alcançou um crescimento realmente fantástico, nunca visto antes. O grande problema é que isso não foi dividido por toda a sociedade.
Gabarito comentado
Resposta correta: B
Tema central: o chamado "mito JK" refere‑se à forma como a memória política de Juscelino Kubitschek é evocada por governos posteriores para legitimar projetos de crescimento econômico e modernização, independentemente de suas diferenças ideológicas. Para resolver a questão é preciso ligar a entrevista citada (uso retórico do legado de JK para justificar crescimento em democracia) ao papel histórico de JK nos anos 50 — Plano de Metas, 50 anos em 5, urbanização e industrialização — e distinguir isso de afirmações factuais incorretas sobre sua política social ou alianças.
Resumo teórico: Juscelino (1956‑1961) implementou o Plano de Metas, estimulou a indústria de base, automobilística e a construção de Brasília, gerando forte crescimento econômico e modernização urbana. Esse crescimento, porém, foi desigual regionalmente e na distribuição de renda. Historiadores como Boris Fausto e Thomas Skidmore mostram que JK tornou‑se símbolo de desenvolvimento rápido, usado depois por governos diversos como modelo legitimador (ver também a entrevista de Francisco Alembert citada pelo enunciado).
Por que a alternativa B é correta: B capta a dupla dimensão do mito: JK é lembrado tanto como autor de um processo de desenvolvimento acelerado quanto como referência para políticas de abertura/modernização econômica invocadas por governos com orientações distintas. A entrevista destaca que governos usam a "imagem e o mito de JK" para justificar crescimento dentro da democracia; assim, B representa fielmente essa utilização memorial e política.
Por que as outras alternativas estão incorretas:
A — Incorreta: afirma combate eficaz às disparidades regionais e melhoria da distribuição de renda via aumentos salariais. Na prática, o crescimento jk favoreceu industrialização no Sudeste e não resolveu as desigualdades regionais nem promoveu redistribuição substantiva da renda.
C — Incorreta: sugere que JK uniu UDN, PTB e PSD em torno de Brasília. A UDN foi em grande parte oposição a JK; a construção de Brasília envolveu conflitos políticos, não uma adesão unânime dessas forças.
D — Incorreta: atribui a JK uma reforma agrária progressista e extensão ampla de direitos trabalhistas no campo — medidas que não caracterizaram seu governo.
E — Incorreta: afirma que JK formou um governo de coalizão de centro‑esquerda com UDN e PSB; na realidade, sua base era PSD/PTB e a UDN era oposição organizada.
Dica de resolução: identifique no enunciado as ideias‑chave (uso político do "mito", justificativa do crescimento) e elimine alternativas que contenham fatos históricos claramente inverídicos (agrária, aliança com UDN, distribuição de renda resolvida). Confronte cada alternativa com o que é consenso na historiografia.
Fontes recomendadas: Boris Fausto, História do Brasil; Thomas Skidmore, Brazil: Five Centuries of Change; entrevista de Francisco Alembert (fonte do enunciado).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





