Caracteriza a agricultura colonial no Brasil do final do século XVIII:

a importância alcançada pela produção de tabaco em São Paulo e em Minas Gerais, que ocorreu após o Conselho Ultramarino ter permitido esse cultivo, o que favoreceu a sua troca com manufaturas inglesas e francesas.

um novo produto, o trigo, foi beneficiado pela estrutura originada da Revolução Industrial, que aprofundou a divisão entre os papéis a serem exercidos pelas nações, isto é, as ricas, produtoras de industrializados e, as pobres, de matérias-primas.

o valor especial adquirido pelo extrativismo no Norte do Brasil, com o guaraná, que concorreu com os produtos agrícolas tradicionais, como o açúcar, permitiu um rápido desenvolvimento dessa região e a sua articulação com o restante da colônia.

o revigoramento da produção de açúcar e o desenvolvimento do cultivo do algodão decorrentes, principalmente, de alguns fatos internacionais importantes, em especial, a independência das treze colônias inglesas e a Revolução Haitiana.

o aparecimento do café na pauta de exportações coloniais, o que revolucionou as relações entre o Estado português e a elite escravista, pois a sustentação econômica da metrópole exigiu o abrandamento das restrições mercantilistas.

Gabarito comentado

Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: economia agrária colonial no final do século XVIII e a influência de eventos internacionais (Independência das 13 colônias e Revolução Haitiana) sobre a produção de açúcar e a expansão do algodão. É preciso situar temporalmente (final do séc. XVIII) e conectar dinamicamente mercado externo, oferta de mão de obra escrava e reorganização das rotas comerciais.

Resumo teórico: no final do século XVIII houve alterações no mercado atlântico: a Revolução Haitiana (1791–1804) e as guerras e transformações relacionadas à independência norte-americana diminuíram a oferta e alteraram preços de produtos tropicais. Isso abriu espaço para a recuperação da cana brasileira e estimulou o cultivo do algodão para abastecer indústrias têxteis europeias. Essas mudanças não foram automáticas, mas favoreceram um revigoramento da economia açucareira em algumas áreas e expansão do algodão no Nordeste.

Fontes recomendadas: Fausto, Boris — História do Brasil (cap. sobre economia colonial); artigos sobre impacto da Revolução Haitiana no Atlântico (ex.: works on Atlantic history).

Por que D está correta: a alternativa relaciona corretamente causas internacionais (independência das 13 colônias e a Revolução Haitiana) com efeitos práticos na colônia: queda da concorrência haitiana e mudanças nos fluxos comerciais que favoreceram a retomada do açúcar brasileiro e estimularam o algodão. Esse encadeamento cronológico e causal é compatível com a historiografia sobre a economia açucareira tardia e a inserção do algodão no mercado internacional.

Análise das alternativas incorretas:

A — Falsa: o tabaco foi importante em várias regiões mais cedo, mas Minas não foi polo tabagista relevante; o Conselho Ultramarino não promoveu esse movimento conforme descrito.

B — Falsa: o trigo não foi novo produto de exportação relevante na colônia e a Revolução Industrial não beneficiou o trigo colonial como descrito; a economia colonial seguia pautas tropicais (açúcar, açúcar, algodão, depois café).

C — Falsa: o extrativismo do guaraná teve importância regional, mas não promoveu grande desenvolvimento nem concorreu com o açúcar em escala que articulasse o Norte ao restante da colônia.

E — Falsa: o café só assume papel central no século XIX; sua consolidação e as mudanças nas políticas metropolares ocorreram mais tardiamente (ex.: abertura dos portos em 1808 e o Império), não como mudança imediata do final do séc. XVIII.

Dica de prova: ao ver "final do século XVIII" pense primeiro em eventos atlânticos-chave (Haiti, EUA) e depois em quais produtos seriam afetados. Descarte alternativas que situam mudanças mais características do século XIX (como o café em grande escala).

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