Leia o texto a seguir.

Em 2017, comemora-se 500 anos da Reforma Protestante. Martin Lutero, padre e professor, em 31 de outubro de 1517, pregou na porta da igreja do castelo de Wittemberg (Alemanha) um pergaminho com 95 teses, escrito em latim e com fundamentos na Bíblia Cristã. Lutero tinha como objetivo suscitar discussão entre os acadêmicos acerca da venda do perdão de Deus, como se fosse mercadoria, através de cartas de indulgência. A Reforma Protestante teve um papel decisivo na maneira de pensar do homem moderno ocidental e no nascimento do próprio Estado moderno.

(PERRY, M. Civilização Ocidental: uma história concisa. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 244-246.)

A partir dos conhecimentos sobre o nascimento do pensamento moderno e a Reforma Protestante, considere as afirmativas a seguir.

I. A Reforma Protestante destruiu a unidade religiosa da Europa, fortaleceu o poder das monarquias e estimulou o crescimento do Estado moderno secular.

II. A pretensão à autoridade temporal do Papa foi repudiada pelos membros da Reforma Protestante, o poder clerical enfraqueceu e se subordinou aos monarcas que passaram a construir Estados centralizados.

III. Lutero apregoava aos cristãos a insubordinação absoluta aos governantes, o que contribuiu diretamente para a ideia de liberdade tão característica do pensamento moderno.

IV. A Reforma Protestante contribuiu para a criação de uma ética dependente, no sentido de que cabe ao clérigo intermediar a relação com Deus, fornecendo segurança e certeza do que deve ou não ser tomado como regra da conduta.

Assinale a alternativa correta.

Resposta: Alternativa A

Tema central: trata-se do impacto da Reforma Protestante (iniciada por Martim Lutero, 1517) sobre a unidade religiosa da Europa e sobre as relações entre Igreja e Estado — conhecimento essencial para questões de História Geral sobre a formação do Estado moderno.

Resumo teórico curto: A Reforma rompeu a unidade católica da Europa, abriu espaço para pluralidade confessionais e ajudou monarcas e príncipes a afirmarem controle religioso e político nos seus territórios (ex.: cuius regio, eius religio; Paz de Augsburgo, 1555). Os reformadores contestaram a autoridade papal nas questões espirituais e temporais; a doutrina luterana enfatizou o "sacerdócio de todos os crentes", reduzindo a mediação clerical. Lutero, porém, defendeu a obediência às autoridades civis (ver suas obras sobre autoridade secular) e condenou movimentos sociais que ameaçassem a ordem (ex.: Peasants' War, 1524–25).

Por que a alternativa A está correta:

I — correta: a Reforma destruiu a unidade religiosa e favoreceu o fortalecimento político de monarcas e príncipes, processo decisivo na formação do Estado moderno.

II — correta: os reformadores repudiaram a pretensão papal ao poder temporal; o poder clerical foi enfraquecido e em muitos casos subordinado ao soberano local (ex.: Igreja estabelecida na Inglaterra por Henrique VIII; igrejas luteranas vinculadas ao príncipe).

Por que III e IV estão erradas:

III — incorreta: Lutero não pregou "insubordinação absoluta" aos governantes; ao contrário, defendeu obediência civil e justificou a repressão a revoltas que ameaçassem a ordem (sua atitude contra a revolta camponesa é histórica).

IV — incorreta: a Reforma protestante reforçou a relação direta do crente com Deus (priesthood of all believers), diminuindo a necessidade de mediação clerical — portanto não gerou uma "ética dependente" de clérigos.

Dica de resolução: busque nas assertivas termos absolutos (ex.: "insubordinação absoluta") e compare com posições conhecidas de Lutero; identifique contradições com a doutrina do "sacerdócio de todos os crentes". Use exemplos (Paz de Augsburgo, Reforma Inglesa, Paz social após repressões) para justificar respostas.

Fontes recomendadas: Perry, M. Civilização Ocidental; Diarmaid MacCulloch, The Reformation; escritos de Lutero (sobre autoridade secular).

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