Leia as informações, para responder à questão.

(O Infante Dom Henrique na conquista de Ceuta. Painel de azulejos de Jorge Colaço (1864-1942)  na Estação de São Bento, cidade do Porto, Portugal.)

    Costuma-se considerar a conquista da cidade de Ceuta, no Norte da África, em 1415, como o ponto de partida da expansão ultramarina portuguesa. [...] Para alguns [historiadores portugueses] a conquista tinha por objetivo [...] abrir caminho na busca do ouro do Sudão [...]. Sem penetrar profundamente no território africano. Os portugueses foram estabelecendo na costa uma série de feitorias, que eram postos fortificados de comércio [...]. [...] A opção pela feitoria praticamente tornava desnecessária a colonização do território ocupado pelas populações africanas [...].

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. SP: Edusp, 2012, p. 26-27.)

Há exatos 600 anos, Portugal iniciava sua aventura no processo conheci- do como Grandes Navegações por meio da conquista da cidade de Ceuta, realizada pelo Infante Dom Henrique. Essa conquista foi o ponto de partida para o início da formação do Império Ultramarino Português. De acordo com o fragmento acima:

Sobre a relação entre o Império Ultramarino Português e o continente africano, vamos selecionar a alternativa correta:

A) Correta – Essa alternativa está correta porque destaca a principal estratégia portuguesa ao longo da costa africana: a fundação de feitorias. Essas feitorias permitiam a exploração econômica de maneira eficiente, sem a necessidade de colonizar profundamente as regiões africanas. A lógica por trás da criação de feitorias era justamente evitar custos elevados e dificuldades ligadas à colonização completa, focando na troca de mercadorias e no controle das rotas comerciais.

B) Incorreta – Apesar de o ouro ter sido, de fato, um importante objetivo dos portugueses, as grandes reservas de ouro não estavam no litoral, mas sim no interior do continente africano, especialmente na região do Sudão. Além disso, a ocupação na África não seguiu os moldes coloniais da América. Na África, o objetivo principal era o comércio, e não a colonização, com a criação de feitorias ao longo da costa, enquanto na América o modelo foi de colonização e exploração territorial mais direta.

C) Incorreta – A exploração portuguesa na África, especialmente com as feitorias, foi lucrativa desde o começo, com o comércio de ouro, escravos, marfim e outros produtos. Não há evidências de que tenha causado prejuízos. A exploração do Brasil foi considerável, mas não foi um "resgate" de prejuízos africanos, e sim uma expansão das atividades econômicas portuguesas.

D) Incorreta – Essa alternativa incorretamente afirma que Portugal "conquistou" a Índia, o que seria uma generalização imprecisa. Portugal não conquistou toda a Índia, mas estabeleceu uma série de entrepostos comerciais fortificados, como Goa, ao longo da costa indiana. A ocupação foi limitada a áreas estratégicas para o controle das rotas comerciais. Além disso, o auge do Império Português não ocorreu apenas por meio de "conquista e colonização", mas também através do controle comercial marítimo. Além do mais, ela também não aborda adequadamente o ponto central da questão, que é sobre a costa africana.

E) Incorreta – A principal razão para a ausência de colonização em larga escala na África por parte de Portugal foi a escolha deliberada de não se engajar profundamente no continente, preferindo a criação de feitorias. Ademais, o foco no Brasil foi impulsionado pelas novas oportunidades econômicas e riquezas descobertas no continente americano, como o pau-brasil, o açúcar e, posteriormente, o ouro, e não por um "desinteresse" específico em relação à África.

Gabarito – Letra A

Referência:

Monteiro, João Gouveia, and António Martins Costa. 1415, A Conquista de Ceuta. Lisboa, Manuscrito, 2015.