Observe os trechos do texto:
• ... no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da
Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil.
(1° parágrafo);
• – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
(15° parágrafo)
Usam-se as vírgulas nos dois trechos para separar, respectivamente:
Observe os trechos do texto:
• ... no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil. (1° parágrafo);
• – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? (15° parágrafo)
Usam-se as vírgulas nos dois trechos para separar, respectivamente:
O velho Lima
O velho Lima, que era empregado – empregado antigo –
numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho
de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de
novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da
República dos Estados Unidos do Brasil.
O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e
tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima
esteve de molho oito dias.
O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como
em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele
ignorava completamente que o Império se transformara em
República.
No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou
um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem,
ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas
palavras:
– Bom dia, cidadão.
O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou
que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito
ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando-se
a responder:
– Bom dia, comendador.
– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais
comendadores!
– Ora essa! Então por quê?
– A República deu cabo de todas as comendas! Acabaram-se!
O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso
de não ter compreendido a pilhéria.
Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que
tinham tirado da parede uma velha litografia representando
D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
– Não dou três anos para que isso seja República!
(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)
O velho Lima, que era empregado – empregado antigo – numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil.
O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima esteve de molho oito dias.
O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele ignorava completamente que o Império se transformara em República.
No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas palavras:
– Bom dia, cidadão.
O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando-se a responder:
– Bom dia, comendador.
– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais comendadores!
– Ora essa! Então por quê?
– A República deu cabo de todas as comendas! Acabaram-se!
O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso de não ter compreendido a pilhéria.
Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que tinham tirado da parede uma velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
– Não dou três anos para que isso seja República!
(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)
Gabarito comentado
Tema central:
Esta questão trata do uso da vírgula na norma-padrão, mais especificamente para isolar expressões explicativas e vocativos. Pontuação correta é fundamental para clareza e coerência textual em provas de Vestibular.
Justificativa da alternativa correta (B):
No primeiro trecho citado (“... no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República...”), a expressão “isto é” funciona como expressão explicativa, esclarecendo o termo anterior. Conforme a norma-padrão (Bechara; Cunha & Cintra), tais expressões devem ser isoladas por vírgulas:
“Concluo, isto é, encerro a reunião.”
No segundo trecho (– “Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?”), “cidadão” é um vocativo, isto é, termo que serve para chamar ou interpelar o interlocutor, devendo ser separado por vírgulas.
Exemplo: “Lucas, feche a porta.”
Análise das alternativas incorretas:
- A) Locução conjuntiva e aposto: Não há locução conjuntiva (“embora que”, “porque”) nem aposto nos trechos em questão.
- C) Locução adverbial e sujeito: Nenhum trecho apresenta locução adverbial a ser isolada nem sujeito.
- D) Denotador de ratificação e aposto: “Isto é” não equivale a ratificação (afirmação enfática), tampouco há aposto.
- E) Datação e sujeito: Embora haja data no texto, a vírgula em análise não se refere ao isolamento da datação e não há o sujeito sendo separado por vírgula.
Dica de interpretação:
Observe qual função sintática o trecho entre vírgulas desempenha. Palavras que explicam, esclarecem ou chamam o interlocutor costumam ser casos típicos de expressão explicativa ou vocativo, não confunda com aposto.
Referências:
Bechara, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa.
Cunha & Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo.
Resposta correta: B) expressão explicativa e vocativo.
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