Os plebeus consumiam-se no ódio aos patrícios, sobretudo por causa da escravidão por dívidas. Indignados, diziam que eram aprisionados e oprimidos em sua própria pátria e por seus próprios concidadãos, embora combatessem no exterior pela liberdade da república. A plebe era mais protegida na guerra do que na paz, mais livre entre inimigos do que entre seus próprios concidadãos.

                                                                             (Tito Lívio. História de Roma, 1989.)

Tito Lívio foi um romano que viveu de 59 a.C. a 17 d.C. O historiador alude a uma contradição existente na cidade de Roma, ainda no período republicano, em que

Alternativa correta: A

Tema central: conflito entre plebe e patrícios na Roma republicana — a plebe era crucial para as campanhas militares, mas sofria restrições políticas e sociais em Roma, incluindo formas de escravidão por dívidas (nexum) e limitação no acesso a cargos.

Resumo teórico: O período conhecido como Conflito das Ordens (séculos V–II a.C.) mostra a luta dos plebeus por direitos políticos e proteção contra abusos econômicos. Instrumentos legais e políticos relevantes: a abolição do nexum com a Lex Poetelia Papiria (326 a.C.), as leis Licínio‑Sextianas (367 a.C.) que permitiram o acesso ao consulado, e a Lex Hortensia (287 a.C.) que tornou os plebiscitos vinculantes. Fontes primárias: Tito Lívio (Livy) registra as queixas plebeias; obras modernas (ex.: Tim Cornell, Mary Beard) ajudam a interpretar o processo.

Por que a alternativa A é correta? O enunciado evidencia a contradição: plebeus defendendo a república no exterior, mas sendo oprimidos internamente. Isso sintetiza a situação em que os plebeus eram essenciais como soldados e produtores, porém tinham direitos políticos limitados por elites patrícias — exatamente o conteúdo de A.

Análise das alternativas incorretas:

B — afirma que patrícios promoviam guerras para incorporar terras dos plebeus. As guerras visavam expansão estatal e conquista de territórios externos; a tensão interna era por direitos e dívida, não por apropriação sistemática de terras plebeias pelos patrícios (a questão agrária existe, mas B é imprecisa e não responde à contradição mencionada).

C — diz que vitórias militares impediam a ascensão plebeia. Na realidade, sucessos militares frequentemente criaram oportunidades de enriquecimento e mobilidade social para alguns plebeus; além disso, as conquistas impulsionaram reformas políticas graduais (Licínio‑Sextianas, Hortensia).

D — refere-se a generais que diminuíam o poder do Senado com tropas fiéis. Essa dinâmica é típica da transição da República para o Império (século I a.C., ex.: César, Mário), não do contexto republicano inicial que Livy descreve; o enunciado fala da contradição interna plebe/patrícios.

E — afirma que patrícios impunham culto religioso dos mortos em combate; trata-se de uma criação sem relação com a queixa central (escravidão por dívidas e limitação de direitos) e não é resposta adequada ao extrato de Livy.

Estratégia para resolver questões assim: identifique a contradição central do texto; relacione-a a processos históricos conhecidos (Conflito das Ordens, nexum, leis citadas); elimine alternativas que tratam de períodos ou temas diferentes (ex.: personalismo militar tardio, cultos funerários).

Fontes sugeridas: Tito Lívio, História de Roma; leis romanas citadas (Lex Poetelia Papiria, Licinia‑Sextia, Lex Hortensia); obras de síntese: Tim Cornell, Mary Beard (SPQR).

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