Leia o segmento abaixo.

Milton Friedman aprendeu a explorar os choques e crises de grande porte em meados da década de 1970, quando atuou como conselheiro do ditador chileno, o general Augusto Pinochet. Enquanto os chilenos se encontravam em estado de choque logo após o violento golpe de Estado, o país sofria o trauma de uma severa hiperinflação. Friedman aconselhou Pinochet a impor uma reforma econômica bastante rápida - corte de impostos, livre-comércio, serviços privatizados, corte nos gastos sociais e desregulamentação. (...). Foi a estratégia mais extrema de apropriação capitalista jamais tentada em qualquer lugar, e ficou conhecida como a "revolução da Escola de Chicago"(...).

KLEIN, Naomi. A Doutrina de Choque: a ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. p. 17.

O segmento faz menção à política econômica imposta pela ditadura de Augusto Pinochet no Chile (1973-1990), sob a orientação dos economistas da chamada “Escola de Chicago”, entre eles Milton Friedman.

Assinale a alternativa que indica essa política e suas características.

Resposta correta: B

Tema central: trata-se da política econômica aplicada no Chile (1973–1990) sob influência da chamada Escola de Chicago — reformas neoliberais que priorizaram privatizações, abertura econômica, desregulamentação e contenção da renda real dos trabalhadores.

Resumo teórico (claro e progressivo): o neoliberalismo econômico propõe reduzir a intervenção estatal na economia, liberalizar comércio e finanças, privatizar empresas estatais e enfraquecer a proteção salarial e social. Esses princípios foram sintetizados, no plano prático, por economistas chilenos formados na University of Chicago (os “Chicago Boys”) e articulados globalmente por autores e institutos que defendem políticas de mercado (ver Naomi Klein, A Doutrina de Choque, 2008; e John Williamson, “What Washington Means by Policy Reform”, 1989).

Justificativa da alternativa B: a alternativa B descreve precisamente o pacote aplicado no Chile: transferência de serviços públicos para o setor privado (privatizações), redução do poder aquisitivo dos salários via políticas fiscais e monetárias restritivas, e abertura ao capital financeiro internacional. Essas medidas coincidem com relatos históricos e análises críticas (Klein) e com a prática neoliberal implementada no país durante a ditadura.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta: descreve políticas socialistas (reforma agrária, aumento salarial), que correspondem ao governo de Salvador Allende (antes do golpe), não à política pinochetista orientada por economistas neoliberais.

C — Incorreta: fala de fortalecimento do capital industrial nacional e conciliação entre classes — isso remete a políticas de desenvolvimento por substituição de importações e conciliação social, não às medidas radicais de liberalização e desregulação implementadas no Chile.

D — Incorreta: propõe nacionalismo, substituição de importações e reestatizações — ação contrária às privatizações e à abertura que caracterizaram o regime pinochetista.

E — Incorreta: fala em manutenção das proteções sociais anteriores; na prática, o governo chileno cortou gastos sociais e reduziu proteções trabalhistas em favor da “flexibilidade” e do mercado.

Estratégia para interpretar enunciados similares: identifique palavras-chave (privatização, abertura financeira, corte de gastos sociais = neoliberalismo) e contraste com termos opostos (estatização, aumento salarial, substituição de importações = políticas de esquerda/nacionalistas). Relacione rapidamente ao contexto histórico (data/gestor) para confirmar.

Fontes sugeridas: Naomi Klein, A Doutrina de Choque (2008); John Williamson, “What Washington Means by Policy Reform” (1989); estudos sobre os “Chicago Boys” e a economia chilena pós-1973.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!