Questão 7576d8c6-0e
Prova:URCA 2012
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A miséria no Brasil foi resultante de um longo processo histórico, originado no modelo de colonização. Podemos afirmar que escravos, escravas, os homens e mulheres livres e pobres eram miseráveis na sociedade colonial. Sobre o segmento de livres pobres é correto afirmar que:

A
A benevolência das elites coloniais impediu que os homens e mulheres livres pobres se tornassem miseráveis, daí a conciliação entre os mais ricos e os mais pobres ser uma prática comum na história do Brasil;
B
Os homens e mulheres livres pobres eram desclassificados na ordem escravocrata, mas exerciam diversos ofícios: artesão, alfaiate, sapateiro, carpinteiro, barbeiro, pescador, costureiras, vendedoras ambulantes, quituteiras, doceiras. Os homens trabalhavam nos presídios, nas lavouras de subsistência, na construção de obras públicas; formavam as Entradas que adentraram o sertão, os corpos de milícias e as guardas privadas;
C
Os homens e mulheres livres pobres gozavam de prestígio em relação aos escravos e às escravas, pois eram detentores de liberdade, de propriedade e de títulos de nobreza;
D
Nas áreas produtoras de açúcar, os homens e mulheres livres pobres se mantinham como tal, já na sociedade mineradora, esse segmento social invariavelmente tornou­se rico;
E
Não haviam homens e mulheres livres pobres na sociedade colonial, nesta haviam apenas duas classes sociais: senhores e escravos.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa B

Tema central: a existência e a condição dos livres pobres na sociedade colonial brasileira — grupo numeroso, essencial para entender a estrutura social pós-colonial e a longa persistência da pobreza.

Resumo teórico: Na colônia havia mais que apenas senhores e escravos: havia uma massa de livres pobres (homens e mulheres) que vivia da economia informal, do trabalho artesanal, do comércio ambulante, da lavoura de subsistência e de serviços urbanos. Eram juridicamente livres, mas frequentemente desprovidos de terras e renda estável, sujeitos à precariedade econômica e social (ver: Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo; Boris Fausto, História do Brasil).

Por que B é correta: A alternativa descreve com precisão ocupações e funções típicas desses livres pobres — artesãos, pequenos vendedores, trabalhadores de construção, milicianos, bandeirantes/entradas em contextos regionais. Aponta também sua condição de “desclassificados” frente ao sistema escravocrata: liberdade civil sem garantia de propriedade ou status econômico.

Análise das incorretas:

A — Errada: afirma benevolência das elites que evitaria miséria. Isso é uma generalização equivocada; a conciliação ocasional existiu (clientelismo), mas não impediu a pobreza estrutural.

C — Errada: confunde liberdade formal com posse de bens e prestígio. A maioria dos livres pobres não detinha propriedade nem títulos; prestígio era exceção, não regra.

D — Errada: generaliza o ganho na mineração. Embora alguns se enriqueceram nas áreas auríferas, a maioria dos livres pobres manteve condições precárias; a mineração gerou também forte povoamento pobre.

E — Errada: nega a existência dos livres pobres. Fontes históricas mostram claramente a presença desse segmento entre escravos e senhores.

Dica de interpretação: Desconfie de termos absolutos (sempre, invariavelmente, não havia). Procure elementos factuais sobre ocupações e posição social — alternativa correta costuma corresponder à descrição plural e documentada do grupo.

Fontes sugeridas: Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo; Boris Fausto, História do Brasil; estudos sobre trabalho e pobreza colonial (bibliografia universitária sobre escravidão e sociedade colonial).

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo