Questão 735f9bcd-26
Prova:PUC - SP 2011
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Expansão Comercial a Marítima: a busca de novos mundos

“Enquanto as caravelas cruzavam os mares obedecendo a cálculos precisos, multidões se deliciavam, na Corte, com os espetáculos de Gil Vicente, onde se abria espaço às práticas cotidianas do povo comum, eivadas de magismo e de maravilhoso. Os processos quinhentistas da Inquisição atestam como era corriqueiro o recurso a filtros e poções mágicas, e difundida a crença nos poderes extraordinários do Demônio.”

O texto caracteriza a época da expansão marítima europeia (séculos XV e XVI) e destaca.

A
a vitória definitiva do pensamento racional sobre os valores rel igiosos e obscurant istas que caracterizavama IdadeMédia.
B
uma cruzada religiosa contra os infiéis e a tentativa cristã de libertar Jerusalémdo domínio islâmico.
C
a convivência entre pensamento racionalista e diversas formas de crenças no carátermaravilhoso do mundo.
D
um esforço europeu para impor sua hegemonia militar, política e comercial sobre a América e o litoral atlântico da África.
E
a ampliação do poder da Igreja, que passava a controlar as manifestações artísticas populares e perseguia os hereges.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: O enunciado trata da mentalidade e das práticas culturais na transição entre Idade Média e Moderna (séculos XV–XVI), durante a expansão marítima europeia. É preciso entender que esse período combinou avanços técnicos (navegação, cartografia) com persistência de crenças populares e práticas mágicas.

Resumo teórico — No início da Idade Moderna houve convívio de saberes: conhecimento técnico-científico aplicado às navegações (astrolábio, tábuas náuticas) ao lado de religiosidade popular, crendices e magia. Historiadores como Fernand Braudel, Charles Boxer e estudos micro-históricos (ex.: Carlo Ginzburg) mostram essa mistura cultural; registros inquisitoriais confirmam a presença de poções, filtros e medo do Demônio.

Por que a Alternativa C é correta — Ela expressa exatamente a ideia central do texto: a convivência entre racionalidade aplicada (navegações) e múltiplas formas de crença no maravilhoso. O enunciado contrasta cálculo e técnica com espetáculos populares e práticas mágicas, confirmando essa coexistência.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada: afirma “vitória definitiva do pensamento racional”. Isso é anacrônico; a plena hegemonia racionalista ocorre mais tarde (Iluminismo). No século XV–XVI havia avanços técnicos, mas não eliminação das crenças populares.

B — Errada: refere-se a uma cruzada para libertar Jerusalém. As grandes navegações tinham motivações comerciais, religiosas e dinásticas, mas não se reduzem a uma nova cruzada por Jerusalém — alternativa de escopo equivocado.

D — Parcialmente verdadeira em outro contexto (expansão e hegemonia mercantil e militar), porém não responde ao foco do texto, que é a combinação entre técnica e crença, não a descrição da política imperial.

E — Errada: sugere ampliação do controle e imposição cultural da Igreja sobre manifestações artísticas populares. Embora a Igreja e a Inquisição tenham atuado, o texto mostra convivência e práticas populares persistentes, não um controle absoluto.

Estratégias para resolver itens como este:

  • Procure o foco do enunciado: o que o trecho enfatiza? (aqui: contrates entre técnica e popularidade)
  • Desconfie de alternativas absolutas (“vitória definitiva”, “imposição total”) — geralmente são armadilhas.
  • Verifique correspondência de escopo: se o texto trata de mentalidades culturais, descarte opções que falem só de geopolítica ou eventos específicos.

Fontes sugeridas: Fernand Braudel, Charles R. Boxer, Carlo Ginzburg; estudos sobre a Inquisição (p.ex. Henry Kamen) e obras sobre Gil Vicente.

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