A Colônia e o Império brasileiros se desenvolveram sobre as patas e o lombo das mulas que escoavam a produção e abasteciam regiões
produtoras. Analise as questões abaixo:
I - Nos séculos XVIII e XIX o comércio de animais de carga gerou prosperidade e fortaleceu a economia do Sul e Centro-Sul do país, onde
se criavam bestas de carga a serem utilizadas até mesmo nas minas de Prata de Potosí.
II - O ouro e o açúcar não enfraqueceram o comércio de animais. Foi a disseminação das estradas de ferro, a partir de 1860, que fez com que
os animais de carga perdessem a importância econômica tida desde o período colonial.
III - Por sua ampla possibilidade de ganhos, o negócio das mulas atraía interesses variados. Militares de alta patente, políticos, delegados,
juízes de paz e membros do clero usavam a criação de animais para reinvestirem seus capitais.
IV - Durante o Império, o comércio de tropas de animais atingiu vastas áreas do território brasileiro. O sul de São Paulo e o Paraná se
envolveram intensamente na condução, invernagem e comercialização das tropas.
Assinale a alternativa correta:
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: trata-se do tropeirismo e do comércio de animais de carga (especialmente mulas) no Brasil colonial e imperial — seu papel no escoamento e abastecimento de regiões produtoras e mineiras, sua composição social e sua redução a partir da expansão das ferrovias.
Resumo teórico e ideias-chave: as tropas de mulas e bois foram essenciais para o transporte terrestre no Brasil pré-ferroviário, permitindo o escoamento do açúcar, do ouro e demais produtos e o abastecimento de áreas remotas (minas, povoados). O negócio atraía capitais de diversas camadas sociais e integrou regiões como o sul de SP e o Paraná ao circuito comercial. A introdução das ferrovias, a partir de meados do século XIX, gradual e regionalmente, diminuiu progressivamente a importância econômica das tropas, sem extingui‑las de imediato.
Por que cada proposição é correta:
I. Correta — no século XVIII e XIX o Sul e o Centro‑Sul criavam animais de carga que abasteciam circuitos internos e até mercados externos; mulas e bestas de carga eram empregadas em viagens longas e chegaram a ser utilizadas em abastecimentos vinculados ao eixo mineiro e mesmo no comércio entre regiões que atingiam áreas próximas a Potosí (fluxos ibero‑americanos).
II. Correta — ouro e açúcar não eliminaram o comércio de animais; porém a expansão das estradas de ferro a partir de cerca de 1860 acelerou a perda de importância econômica das tropas, sobretudo onde os trilhos substituíram rotas comerciais tradicionais.
III. Correta — o negócio das mulas era lucrativo e atraía investidores variados: militares, políticos locais, oficiais da justiça e membros do clero muitas vezes reinvestiam capital na criação e comércio de animais.
IV. Correta — durante o Império o comércio de tropas alcançou vastas áreas; o sul paulista e o Paraná destacaram‑se na condução, invernagem (estância para engordar e recuperar animais) e comercialização das tropas.
Análise das alternativas incorretas: A, B, D e E estão erradas porque cada uma delas exclui pelo menos uma das proposições I–IV que são historicamente verdadeiras. Por exemplo, A desconsidera I; B desconsidera II; D desconsidera IV; E desconsidera I e III — logo, nenhuma delas reúne corretamente todas as afirmações verdadeiras.
Estratégia de prova: atente para frases temporais (“séculos XVIII e XIX”, “a partir de 1860”), para o papel funcional (escoamento, invernagem) e para atores sociais citados — são pistas que indicam veracidade. Confrontar essas pistas com conhecimentos sobre tropeirismo e a cronologia da chegada das ferrovias ajuda a confirmar as proposições.
Fontes sugeridas: obras introdutórias sobre História do Brasil (ex.: Boris Fausto) e artigos acadêmicos sobre tropeirismo e transporte no Brasil colonial e imperial.
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