“Eu gostaria de ver a clausula do testamento de Adão em que ele divide o mundo entre portugueses e espanhóis.” Essa frase, atribuída ao rei francês Francisco I, mostra a determinação dos outros reinos europeus em participar na colonização das regiões atlânticas como a América e a África. Foi o caso da Holanda, que separada da Espanha em 1579, lançou-se ao mar. Sobre a relação entre Holanda e Portugal, durante o chamado Período Colonial, é CORRETO afirmar que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a atuação da República Holandesa no Atlântico do século XVII — especialmente a ação da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) contra possessões portuguesas — e suas implicações econômicas (controle do açúcar e do tráfico de escravos).
Resumo teórico: após a separação dos Países Baixos da Espanha, os holandeses buscaram romper o monopólio ibérico sobre o comércio atlântico. A WIC patrocinou expedições militares para capturar zonas produtoras de açúcar no Nordeste do Brasil (Pernambuco: Olinda/Recife, a partir de 1630) e para controlar pontos-chave do comércio de escravos na costa africana (Luanda, tomada em 1641). Esses movimentos visavam assegurar mão de obra e lucro para as plantações de açúcar e minar a posição portuguesa. (Fontes: Wim Klooster, The Dutch Moment; Stuart B. Schwartz; Enciclopédia Britannica.)
Por que a alternativa B está correta: ela identifica corretamente as datas e alvos principais — invasão de Olinda e Recife em 1630 e conquista de Luanda em 1641 — e relaciona essas ações ao controle de duas zonas produtoras de açúcar e do principal porto fornecedor de escravos. Esse encadeamento explica a estratégia holandesa de dominar tanto a produção (Pernambuco) quanto a logística do trabalho escravo (Luanda).
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta: é verdade que Salvador foi tomada por holandeses em 1624, mas eles foram expulsos já em 1625 por uma expedição luso-hispânica. O ano de 1654 refere-se à expulsão dos holandeses de Pernambuco (Recife), não de Salvador, e a descrição sobre organização em Luanda e apoio local está equivocada quanto à cronologia e aos atores.
C — Parcialmente verdadeira quanto à conquista de Luanda em 1641, mas errada ao afirmar que o objetivo principal era vender açúcar no mercado africano. O objetivo real era controlar o tráfico de escravos para abastecer as plantações americanas e minar o domínio português.
D — Incorreta: Domingos Fernandes, o "Calabar", foi colaborador dos holandeses (considerado traidor pela historiografia luso-brasileira) e foi executado em 1635; ele não foi herói nem líder da Insurreição Pernambucana. A expulsão definitiva dos holandeses ocorreu em 1654, mas liderada por figuras como André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira e aliados locais.
E — Incorreta: Maurício de Nassau governou a colônia holandesa no Brasil (1637–1644) e não "abandonou Luanda" em 1641 — além disso, a presença holandesa no Maranhão/São Luís teve interlúdios (tomada de São Luís em 1641, retorno português em 1644) e não resultou em continuidade estável de produção açucareira para a Europa conforme afirmado.
Dica de interpretação: foque em datas-chave (1624/1625; 1630; 1641; 1654) e em objetivos (controle da produção vs. controle do tráfico de escravos). Pegadinhas comuns misturam locais e anos de expulsão/ocupação ou invertem papéis de personagens como Calabar.
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