“O mundo grego foi, basicamente, um mundo da palavra falada e não da escrita.”
A constatação acima, relativa à Grécia antiga, pode ser justificada.
A constatação acima, relativa à Grécia antiga, pode ser justificada.
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a questão trata da predominância da oralidade na Grécia antiga — por que a palavra falada (poesia, teatro, discursos, arautos) teve papel mais visível na vida coletiva do que a escrita, apesar da existência do alfabeto.
Resumo teórico (claro e progressivo): a escrita alfabética chega à Grécia por volta do século VIII a.C., mas a transmissão cultural continuou muito baseada na oralidade. Poemas homéricos foram memorizados e recitados por aedos/rhapsodes (estudos clássicos: Milman Parry & Albert Lord, The Singer of Tales). Walter J. Ong (Orality and Literacy) explica como culturas orais estruturam memória e comunicação diferentemente das letradas. O teatro (tragédia e comédia), as assembleias, os arautos (kērykes) e os aedos preservavam e renovavam a memória coletiva em festivais e espaços públicos (teatros, ágoras), garantindo legitimidade e coesão social.
Justificativa da alternativa B: a alternativa aponta elementos centrais — teatro, arautos e aedos — que realmente funcionavam como veículos primários de transmissão cultural e memória pública. O teatro integrava mitos, críticas políticas e ensino cívico em espetáculos de massa; arautos e aedos divulgavam decisões, leis, genealogias e narrativas fundadoras oralmente. Assim, B explica adequadamente por que a palavra falada predominou.
Análise das incorretas:
A — incorreta: afirma desconhecimento total da escrita. Na realidade havia escrita pública (inscrições, documentos, contratos) embora a alfabetização fosse limitada.
C — incorreta: confunde termos. A democracia ateniense era, em muitos aspectos, direta (ecclesia, voto presencial) e valorizava a participação e o discurso público — não tornava desnecessária a participação.
D — incorreta: valorizar atividades físicas e militares não explica a preponderância da oralidade. Educação grega incluía música e retórica; cultura militar não elimina usos da escrita.
E — incorreta: o número de escravos e seu analfabetismo não justificam a cultura oral dominante. Além disso, generalizações absolutas sobre analfabetismo total são historicamente imprecisas.
Dica de prova: busque palavras-chave que indiquem fenômenos culturais (teatro, aedos, arautos, assembleia) e desconfie de alternativas que usam termos absolutos ou explicações únicas para processos sociais complexos.
Principais referências: Milman Parry & Albert Lord, The Singer of Tales; Walter J. Ong, Orality and Literacy; estudos sobre a dramaturgia grega e inscrições públicas (epigrafia grega).
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