Questão 71f3a771-33
Prova:IF-PE 2019
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

Em 1904, o governo de Rodrigues Alves propôs a vacinação obrigatória. A varíola precisava ser controlada. Contudo, houve resistência de grande parte da população do Rio de Janeiro, então capital da República. Sobre os motivos para a resistência, assinale a alternativa CORRETA.

A
Como muitas vacinas de hoje, não havia comprovação científica de sua eficácia, e a população decidiu reagir à imposição do governo, que agia de modo autoritário em diversas políticas públicas.
B
O governo Rodrigues Alves, apesar do investimento em propaganda de conscientização dos efeitos positivos da vacinação, não conseguiu convencer as pessoas do benefício da medida de saúde pública.
C
A população do Rio de Janeiro, em especial a parcela mais pobre e negra, estava cansada de ser alvo de políticas públicas autoritárias por parte da República, em especial com as reformas urbanas.
D
A vacinação obrigatória contra a varíola já havia sido tentada no século XIX, ainda no Império, vitimando negros livres e libertos, o que explica a reação popular de resistência a essa nova tentativa do Estado brasileiro.
E
A resistência popular, de fato, existiu, mas sem que se alterasse o cotidiano da capital da República, pois os demais serviços urbanos continuaram, regularmente, enquanto durou o conflito entre a população e o governo.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: a Revolta da Vacina (Rio de Janeiro, 1904) insere‑se no contexto das políticas higienistas e das reformas urbanas da Primeira República. É preciso relacionar saúde pública, coerção estatal e tensões sociais — sobretudo sobre as camadas populares e negras afetadas pelas remoções e pela atuação policial.

Resumo teórico: no início do século XX, o movimento higienista (inspirado por ideias europeias) defendia modernização sanitária e urbana. Em 1904, sob o governo de Rodrigues Alves e com as ações do médico Oswaldo Cruz, foi decretada a vacinação obrigatória contra varíola. As medidas vinham acompanhadas das reformas de Pereira Passos (arruamentos, remoções, "embaixamento" de favelas), que expulsavam moradores pobres de áreas centrais. A combinação de coerção sanitária e desalojos gerou resistência popular — a chamada Revolta da Vacina. (Fontes: Fiocruz; CPDOC‑FGV; historiadores do período.)

Por que a alternativa C é correta: ela identifica a explicação estrutural adequada — o cansaço e a indignação das camadas populares (muitas vezes negras) diante de políticas públicas autoritárias e repetidas. A vacinação obrigatória foi percebida como mais uma imposição do Estado que já promovia remoções, vigilância e violência policial. Assim, a reação não foi apenas técnica (sobre vacinas), mas política e social.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. A vacina contra varíola tinha eficácia comprovada desde Jenner (século XVIII) e já era usada no Brasil desde o Império; a resistência não se explica por ausência de comprovação científica.

B — Parcialmente verdadeira, mas incompleta. Embora tenha havido campanhas de esclarecimento, o problema central foi a imposição coercitiva e o contexto das reformas urbanas; dizer apenas que "não convenceram" reduz as causas ao fracasso de propaganda.

D — Incorreta. Não houve uma imposição continuada semelhante no século XIX que explique diretamente a revolta; a narrativa de "vitimização específica anterior" exagera e desloca a explicação do contexto das reformas e da repressão de 1904.

E — Incorreta. A resistência alterou o cotidiano: houve confrontos, depredações e mobilização urbana — não foi um episódio sem impacto prático na capital.

Dica de prova: busque no enunciado palavras‑chave (higienismo, reformas urbanas, coerção). Desconfie de alternativas que atribuem causas únicas (p.ex. só falta de informação) ou que negam efeitos sociais evidentes. Relacione política urbana e saúde pública para questões sobre o período.

Fontes de referência sugeridas: material sobre a Revolta da Vacina na Fiocruz e dossiês históricos do CPDOC‑FGV; obras sobre higienismo e as reformas de Pereira Passos.

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