As monarquias exercem um forte poder simbólico sobre as pessoas e a sociedade. Exemplo desse poder ocorreu há poucos meses (em 2011) quando o casamento do Príncipe Wiliam com Kate Middleton, foi valorizado como um grande evento da Monarquia Britânica. Os ingleses acompanharam todo o enlace, que foi transmitido para o mundo através da televisão e da internet. Podemos afirmar que esse poder simbólico, sobretudo do Rei, tem origem na antiguidade, mas foi na Idade Moderna que os monarcas mais “investiram” na sua produção.
Leia as afirmativas abaixo referidas as várias estratégias utilizadas na produção do poder pelos monarcas dos Estados Modernos:



I) Produziram­se imagens que associavam o monarca a um estadista empreendedor; assim como à justiça, à virtude e à própria natureza da nação, a figura do rei representa a cabeça do reino.


II) Produziram a associação da imagem do rei, da rainha e do príncipe a da Sagrada Família, a qual os católicos têm respeito e/ ou devoção.


III) Manutenção dos rituais simbólicos: as vestes ricamente ornadas, a prontidão dos serviços dos pajens e criados, as cerimônias de coroação, as aparições públicas cercadas de pompas.


IV) A difusão da idéia de que o rei é a autoridade delegada por Deus para representá­lo na Terra.


Assinale a alternativa correta:

Alternativa correta: E — I, III e IV estão corretas.

Tema central: a questão trata do poder simbólico das monarquias modernas — como reis e cortes construíram imagens públicas que reforçavam autoridade e legitimação. Esse assunto é recorrente em História Moderna e em provas porque envolve cultura política, religião e rituais do Estado.

Resumo teórico (claro e progressivo): na Idade Moderna as monarquias fortaleceram a imagem real por três vias principais: 1) representação pública e propaganda (retratos, títulos, atos públicos) que ligavam o monarca ao Estado e às virtudes do governo; 2) manutenção de rituais e etiqueta de corte (vestes, cerimônias, pompa) que diferenciavam poder e prestígio; 3) legitimação religiosa por meio da doutrina do direito divino ou da ideia de representação de Deus na Terra (teóricos como Jean Bodin e, posteriormente, Bossuet, explicitaram essas bases). Fontes úteis: Peter Burke, The Fabrication of Louis XIV (sobre representação régia); Norbert Elias, The Court Society (sobre rituais de corte); Jean Bodin e Jacques-Bénigne Bossuet (sobre soberania e direito divino).

Justificativa da alternativa E: I está correta — monarchas fizeram-se ver como cabeça da nação e como porta-vozes da justiça e da virtude (propaganda cortezã e retratos oficiais). III está correta — ritual, pompa e etiqueta foram instrumentos centrais da produção do poder (corte absolutista). IV está correta — a ideia de que o rei representa autoridade delegada por Deus foi componente-chave da legitimação monárquica (direito divino).

Por que II está errada: a afirmação é específica ao associar a família real à Sagrada Família. Embora monarcas usassem simbologia religiosa, essa associação direta e universal à Sagrada Família é restrita e não caracteriza a estratégia geral dos Estados Modernos — sobretudo em reinos protestantes (Inglaterra, Países Baixos) onde devoções marianas eram rejeitadas. Logo, II não se aplica de forma geral.

Dicas de prova: busque termos universais (p.ex. “produziram”) e pergunte-se se valem para todas as monarquias; descarte itens muito específicos ou religiosos que não se aplicam a contextos protestantes; use eliminação: encontre as opções que se aplicam à maioria dos casos.

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