As descobertas do ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás foram importantes para o processo de interiorização do território brasileiro e estabeleceram um modo de vida e trabalho diferente do já existente na colônia. Acerca do regime de trabalho nas minas de ouro, considere as seguintes afirmações:
I. A atividade mineradora era muito semelhante àquela observada nos engenhos de açúcar, onde a mão de obra era exclusivamente escrava, sem nenhuma especialização.
II. A atividade extrativa, apesar do controle e fiscalização exercidos sobre a escravaria, possibilitava alguns furtos.
Sobre as afirmações é correto afirmar-se que
I. A atividade mineradora era muito semelhante àquela observada nos engenhos de açúcar, onde a mão de obra era exclusivamente escrava, sem nenhuma especialização.
II. A atividade extrativa, apesar do controle e fiscalização exercidos sobre a escravaria, possibilitava alguns furtos.
Sobre as afirmações é correto afirmar-se que
Gabarito comentado
Resposta correta: D — I é falsa e II é verdadeira.
Tema central: o regime de trabalho nas minas auríferas (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso) e suas diferenças em relação aos engenhos de açúcar — relevante para entender a interiorização econômica, composição social e o controle colonial (quinto, casas de fundição).
Resumo teórico:
- A mineração criou um universo social e econômico distinto: havia diversidade de mão de obra — escravos, trabalhadores livres (garimpeiros, bandeirantes, subordinados assalariados) e recrutados — e divisão e especialização de funções (lavradores, bateiros, amolecedores, ourives, tropeiros, etc.).
- O Estado buscou controlar a produção com medidas como o quinto e as Casas de Fundição (fim do século XVII/ XVIII), mas a fiscalização era difícil e houve evasões e furtos; o ouro circulava por canais formais e informais.
Justificativa da alternativa D:
I — falsa. A afirmação afirma igualdade com os engenhos (mão de obra exclusivamente escrava e sem especialização). Isso é incorreto: ao contrário dos engenhos, a mineração mobilizou trabalhadores livres e especializados além dos escravos, e exigia conhecimentos técnicos e divisão de tarefas. Logo, não era “exclusivamente escrava” nem totalmente desespecializada.
II — verdadeira. Apesar dos mecanismos de controle régio (quinto, casas de fundição), furtos, sonegação e contrabando de ouro foram práticas recorrentes — a fiscalização era imperfeita, a geografia e o caráter móvel da exploração favoreciam desvios.
Análise das alternativas incorretas:
A (ambas verdadeiras) — incorreta porque a I é falsa; a mineração não era idêntica ao sistema açucareiro.
B (ambas falsas) — incorreta porque a II é verdadeira: houve furtos e evasão apesar da fiscalização.
C (I verdadeira e II falsa) — incorreta pelos motivos já expostos: I não se sustenta e II é confirmada pela historiografia.
Dica para concursos: desconfie de termos absolutos como “exclusivamente” ou “sem nenhuma especialização”. Compare as realidades socioeconômicas (engenho vs mina) e lembre-se das instituições de controle (quinto, casas de fundição) — presença de controle não elimina automaticamente desvios.
Leituras recomendadas: Caio Prado Jr., Formação do Brasil; Evaldo Cabral de Mello (ensaios sobre o ciclo do ouro); obras sobre o sistema fiscal colonial e as Casas de Fundição (fim séc. XVII e XVIII).
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