Questão 6d65e70e-ff
Prova:UECE 2019
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Atente para o seguinte excerto: “...A partir de minhas pesquisas em Portugal, eis a lista dos “crimes” de 235 moradores da Bahia processados pela Santa Inquisição entre 1546 a 1821, data em que é extinto este tribunal eclesiástico: judaísmo: 96; bigamia: 34; blasfêmia: 33; sodomia: 18; gentilismo: 12; luteranismo: 10; feitiçaria: 10; contra a Inquisição: 8; falsos padres: 6; irreligiosidade: 6; solicitação: 2”.

MOTT, L. Bahia: inquisição e sociedade [online]. Salvador:
EDUFBA, 2010. p.24.


No excerto acima, Luiz Mott apresenta um aspecto da história colonial brasileira que corresponde

A
ao forte controle estatal sobre a moralidade pública a partir da realização de Tribunais de Inquisição, comandados por juízes laicos vindos de Portugal.
B
à atuação da Santa Inquisição Católica na tentativa de impedir o crescimento de outras religiões e igrejas na colônia, garantindo seus dogmas e o predomínio do seu modelo de sociedade.
C
à busca da Coroa Portuguesa por um equilíbrio na sociedade colonial, combatendo, através da Santa Inquisição, práticas discriminatórias e promovendo a inclusão social.
D
ao apoio do Estado português às Igrejas Cristãs Reformadas instaladas na colônia portuguesa para que fizessem, através da Santa Inquisição, uma restauração moral na população colonial.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa B

Tema central: a questão trata da atuação da Santa Inquisição na colônia — mecanismo de controle religioso que visava à manutenção da ortodoxia católica e à repressão de práticas ou crenças consideradas heréticas.

Resumo teórico: A Inquisição portuguesa (institucionalizada no século XVI) atuou como tribunal eclesiástico com forte apoio da Coroa (regime do padroado), mas de natureza essencialmente religiosa. Seus processos perseguiam judaísmo (muitos cristãos-novos), protestantismo, feitiçaria, blasfêmia e outras práticas vistas como ameaça à unidade dogmática. Em coletâneas de processos da Bahia (séculos XVI–XIX) predominam acusações religiosas, o que revela esse caráter religioso e persecutório (Mott, L. Bahia: Inquisição e sociedade, EDUFBA, 2010).

Justificativa da alternativa correta (B): A lista de “crimes” citada (judaísmo, luteranismo, gentilismo, feitiçaria etc.) aponta diretamente para a tentativa da Igreja Católica de impedir o avanço de outras religiões e garantir a hegemonia de seus dogmas na colônia. Logo, a alternativa B descreve com precisão esse objetivo central da Inquisição.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Afirma que os tribunais eram comandados por juízes laicos. Na verdade, eram tribunais eclesiásticos; os inquisidores eram, via de regra, clérigos (ordens religiosas como os dominicanos participaram). Havia colaboração com a Coroa, mas não se tratava de juízes laicos.

C — Incorreta. Diz que a Coroa buscava “equilíbrio” e inclusão social por meio da Inquisição. O tribunal persecutório promovia exclusão e estigmatização (principalmente de cristãos-novos e protestantes), não inclusão; seu efeito foi reforçar desigualdades religiosas e sociais.

D — Incorreta. Afirma que o Estado apoiou Igrejas Reformadas e as usou via Inquisição — o oposto: a Inquisição perseguia protestantes e não havia apoio estatal às igrejas reformadas na colônia.

Estratégia para questões semelhantes: busque palavras-chave no enunciado (ex.: "Inquisição", tipos de crime listados). Relacione imediatamente com o propósito institucional (controle religioso). Use eliminação: descarte alternativas que contrariem a natureza e composição da Inquisição (clero vs. laicos; perseguição vs. inclusão).

Fontes rápidas: MOTT, Luiz. Bahia: Inquisição e sociedade. EDUFBA, 2010; estudos sobre a Inquisição portuguesa e o padroado real (literatura historiográfica sobre perseguições religiosas no Brasil colonial).

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