A ocupação e colonização do Brasil estão, sem dúvida, ligadas à economia açucareira desenvolvida inicialmente no período colonial. Sobre esse lucrativo produto, pode-se afirmar corretamente que
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: a questão trata da história do açúcar — produto-chave na ocupação e colonização do Brasil — e exige conhecimento sobre seu valor econômico e social na Europa medieval e sua transformação na época colonial.
Resumo teórico: antes da expansão atlântica, o açúcar era raro na Europa medieval, importado de regiões muçulmanas e do Oriente, valorizado como medicamento e condimento refinado e presente em testamentos e inventários de elites. Com a colonização atlântica (século XVI), a cana-de-açúcar tornou-se a base da economia colonial brasileira, sustentada pelo sistema de plantation e trabalho escravo africano (ver Mintz, "Sweetness and Power"; Schwartz, "Sugar Plantations in the Formation of Brazilian Society").
Por que A está correta: a alternativa afirma que nos séculos XIII e XIV o açúcar era apreciado por qualidades medicinais e culinárias e era um bem de alto valor incluído em inventários — isso é historicamente verídico. A afirmação refere-se ao contexto europeu medieval, adequado e coerente com a história do açúcar antes de sua massificação atlântica (fonte: Sidney W. Mintz).
Análise das alternativas incorretas:
B — incorreta: confunde destinos da mão de obra africana. A maior parte dos escravizados nas primeiras fases foi alocada nas engenhos e plantações de açúcar, não em fazendas de criação de gado; a percentagem apresentada (60–100% para criação de gado) é implausível e contradiz evidências históricas.
C — incorreta: afirma que o sucesso açucareiro foi efêmero por falta de terras férteis e mão de obra. Na realidade, áreas litorâneas eram favoráveis à cana e houve investimento massivo em tecnologia, engenhos e importação forçada de trabalho escravo, sustentando séculos de produção intensa.
D — incorreta: mistura cronologias. A crise da produção açucareira ocorreu já nos séculos XVII–XVIII (concorrência do Caribe, mudança de ciclos econômicos para ouro e depois café), não no século XX; além disso, a redação confunde períodos (colonial/imperial) e sugere continuidade equivocada.
Dica de prova: procure anacronismos, valores numéricos extremos e termos vagos. Pergunte-se: "essa afirmação refere-se ao período correto? há fontes que a sustentam?"
Fontes recomendadas: Sidney W. Mintz, Sweetness and Power (1985); Stuart B. Schwartz, Sugar Plantations in the Formation of Brazilian Society.
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