Os textos abaixo tratam da relação entre índios e brancos em momentos distintos. O Documento 1
traz a memória contemporânea de um dos netos de mulheres indígenas que foram "pegas no laço", prática
recorrente desde o período colonial até o início do século XX. O Documento 2 enfoca o conflito entre índios e
colonizadores no sertão mineiro, no século XVIII. Leia atentamente:
Documento 1: "Meu pai disse que meu avô contou que minha avó era muito linda e que olhou bem nos seus olhos
antes de correr. Meu avô ficou enfeitiçado por ela. Imediatamente ele tirou o laço do lombo do cavalo em que
estava montado e a laçou. Ela, no começo, esperneou, gritou, chamou pelos outros ‘índios’, mas ninguém voltou, e
meu avô a levou para casa e com ela teve nove filhos. Meu avô contou para meu pai que vovó era baixinha, tinha
cabelos longos bem pretinhos e olhos puxadinhos. Ela ficava horas sentada na frente de casa penteando os cabelos e
com os olhos perdidos no horizonte. Meu avô dizia que ela ficou a vida inteira aguardando que sua ‘tribo’ viesse
resgatá-la. Nunca ninguém apareceu."
(Texto adaptado. Disponível em:<https://bit.ly/2OQmemL> . Acesso em: 31 jul. 2018.)
Documento 2: "O ápice da violência que colocou soldados e posseiros contra os índios no sertão mineiro aconteceu
não no início da corrida do ouro, como se poderia imaginar, mas durante a segunda metade do século XVIII, na
região oriental da capitania. Durante os séculos XVI e XVII, diversos grupos indígenas haviam se retirado para o
interior, fugindo da colonização da costa. No século XVIII, a explosão da mineração provocou uma linha consolidada
de construção de vilas e lugarejos coloniais a oeste desses grupos [...]. O resultado foi a criação de uma zona de
refúgio nas florestas a leste da capitania. [...] A apropriação brusca da terra dos nativos do sertão do leste relativiza a
alegação dos posseiros e dos oficiais da colônia de que os portugueses entraram na floresta virgem como
mensageiros da civilização, forçados a usar a violência em autodefesa quando atacados pelos incorrigíveis
‘selvagens’."
(RESENDE, Maria Leônia Chaves de; LANGFUR, Hal. Minas Gerais indígena: a resistência dos índios nos sertões e nas vilas de El-Rei. Tempo,
Niterói, v. 12, n. 23, p. 5-22, 2007, p. 8.)
Sobre este assunto, assinale a alternativa CORRETA:
Os textos abaixo tratam da relação entre índios e brancos em momentos distintos. O Documento 1 traz a memória contemporânea de um dos netos de mulheres indígenas que foram "pegas no laço", prática recorrente desde o período colonial até o início do século XX. O Documento 2 enfoca o conflito entre índios e colonizadores no sertão mineiro, no século XVIII. Leia atentamente:
Documento 1: "Meu pai disse que meu avô contou que minha avó era muito linda e que olhou bem nos seus olhos antes de correr. Meu avô ficou enfeitiçado por ela. Imediatamente ele tirou o laço do lombo do cavalo em que estava montado e a laçou. Ela, no começo, esperneou, gritou, chamou pelos outros ‘índios’, mas ninguém voltou, e meu avô a levou para casa e com ela teve nove filhos. Meu avô contou para meu pai que vovó era baixinha, tinha cabelos longos bem pretinhos e olhos puxadinhos. Ela ficava horas sentada na frente de casa penteando os cabelos e com os olhos perdidos no horizonte. Meu avô dizia que ela ficou a vida inteira aguardando que sua ‘tribo’ viesse resgatá-la. Nunca ninguém apareceu."
(Texto adaptado. Disponível em:<https://bit.ly/2OQmemL>
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: o contato entre indígenas e colonizadores foi frequentemente marcado por violência ligada à apropriação de terras e recursos. Os documentos fornecem dois tipos de fonte: uma memória oral que expõe práticas de captura de mulheres indígenas (documento 1) e uma análise historiográfica sobre conflitos no sertão mineiro no século XVIII (documento 2).
Resumo teórico: A expansão colonial europeia no Brasil implicou deslocamento, escravização e massacres de povos indígenas, além de resistência e formação de zonas de refúgio (Resende & Langfur, 2007). Práticas como o "laço" e a apropriação de terras são partes integrantes desse processo de dominação (Manuela Carneiro da Cunha; Fausto, História do Brasil).
Por que A está correta: Tanto a narrativa individual (captura da mulher indígena) quanto o estudo sobre Minas mostram violência direta e estrutural associada ao avanço dos colonos sobre territórios nativos. A alternativa A sintetiza adequadamente essa relação: violência vinculada aos avanços europeus sobre grupos e territórios indígenas (Resende & Langfur, 2007).
Por que as outras estão erradas:
B — Falsa: o documento 2 indica precisamente que alguns grupos recuaram e se refugiaram nas florestas; havia, portanto, espaços de refúgio, ainda que precários.
C — Falsa e anacrônica: o depoimento não elogia o sequestro como "salvação"; mostra sofrimento, espera por resgate e perda de laços com a tribo. Não há justificativa histórica para interpretar o sequestro como ato benigno.
D — Falsa: embora muitos indígenas não pudessem enfrentar colonizadores em desigualdade de armas e números, houve resistência contínua (guerras, fugas, refugos, quilombos indígenas). A alternativa simplifica e interpreta equivocadamente essas dinâmicas.
E — Falsa: apresenta ideologia do “missionário civilizador”. Os documentos revelam apropriação e violência, não um projeto altruísta de conversão; a conversão religiosa foi, muitas vezes, coercitiva e acompanhou a dominação.
Dica para provas: identifique se a alternativa resume corretamente os documentos (evite leituras idealizantes ou absolutas), procure verbos que generalizam demais (aceitar, sempre, nunca) e relacione fontes com contexto histórico (memória oral ≠ justificativa legitimadora).
Referências rápidas: Resende & Langfur (2007); Manuela Carneiro da Cunha; Fausto, História do Brasil.
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