Questão 6bf2ddad-01
Prova:MACKENZIE 2019
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

“Com a longa depressão dos preços do açúcar brasileiro que persistiu na maior parte do século XVIII, o tráfico baiano com a Costa da Mina tornouse a principal fonte de escravos na economia colonial em um sistema assemelhado ao uso da geritiba (cachaça) pelos comerciantes do Rio na compra de escravos em Benguela e Luanda. Os baianos compravam escravos no ocidente da África com tabaco de rolo feito com a parte não vendida da colheita e resultante de um processamento inferior que o tornava um produto agrícola de baixo custo em relação à indústria do fumo orientada para mercados metropolitanos.”

(PANTOJA, Selma e SARAIVA, José Flávio. Angola e Brasil nas rotas do Atlântico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998. p.27)

É possível inferir que o trecho acima indica que

A
A lucratividade do tráfico negreiro está relacionada com o baixo custo na aquisição dos escravos em território africano e o alto valor desses vendidos no litoral brasileiro.
B
A crise do açúcar brasileiro acarretada pela concorrência com o açúcar antilhano dinamizou o tráfico de escravos para o sudeste da colônia.
C
A geritiba e a tabaco eram os únicos produtos aceitos nas trocas entre traficantes de escravos africanos e baianos.
D
O preço do escravo africano caiu vertiginosamente no litoral brasileiro, durante o século XVIII, devido às crises econômicas coloniais.
E
A economia brasileira foi menos dependente da mão de obra escrava, durante o século XVIII, devido à mineração e a uma nova dinâmica econômica.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: trata-se da dinâmica do tráfico transatlântico de escravos no século XVIII e da relação custo/valor entre os bens usados nas trocas (tabaco de rolo, geritiba/cachaça) e a lucratividade do comércio. É necessário conhecer a geografia das rotas (Costa da Mina versus Benguela/Luanda), o papel das mercadorias de troca e o contexto da crise açucareira.

Resumo teórico: o tráfico atlântico não era homogêneo — regiões brasileiras e africanas criaram circuitos distintos. Comerciantes baianos compravam escravos na Costa da Mina usando produtos de baixo custo (ex.: tabaco de rolo), garantindo aquisição barata; no Sul/Sudeste do Brasil havia uso análogo da geritiba para comprar em Benguela/Luanda. A lucratividade do tráfico dependia, portanto, da diferença entre o baixo custo de aquisição na África e o alto preço obtido nos mercados coloniais (ver Pantoja & Saraiva, 1998; Klein sobre o tráfico atlântico).

Por que a alternativa A é correta: o texto destaca explicitamente que os baianos compravam escravos com tabaco de baixo custo e, por oposição, vendiam esses escravos no litoral brasileiro por valores superiores — ou seja, o lucro vinha dessa margem. A alternativa A capta exatamente essa relação custo/valor que sustenta a lucratividade do tráfico.

Análise das alternativas incorretas:

B — Incorreta. A crise do açúcar (concorrência das Antilhas) afetou a economia açucareira, mas o trecho focaliza o impacto no circuito baiano–Costa da Mina, não em um deslocamento do tráfico para o sudeste. Além disso, o sudeste (Rio) tinha outras rotas (Benguela/Luanda).

C — Incorreta. O texto aponta geritiba e tabaco como exemplos de mercadorias usadas nas trocas, não como os únicos bens aceitos. Afirmações absolutas como “únicos” são armadilhas comuns.

D — Incorreta. Não há no trecho afirmação de queda vertiginosa do preço do escravo no litoral brasileiro; o que se destaca é o baixo custo de aquisição em África, o que implica margem de lucro, não necessariamente uma queda generalizada de preços no mercado colonial.

E — Incorreta. A mineração aumentou a demanda por escravos no século XVIII (especialmente em Minas Gerais), portanto não tornou a economia “menos dependente” da mão de obra escrava — ao contrário, a dependência manteve‑se ou mudou de centro.

Dica de prova: identifique palavras-chave (ex.: “principal fonte”, “baixo custo”, “uso de…”), evite alternativas absolutas e relacione causa (crise do açúcar, mercadoria de troca) com efeito (rota e lucratividade).

Fontes recomendadas: Pantoja & Saraiva, Angola e Brasil nas rotas do Atlântico (1998); Herbert S. Klein, The Atlantic Slave Trade (consultas sobre dinâmica de mercados).

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo