“A lei Adolfo Gordo era uma constante ameaça a todos, meio de intimidação e vingança, um cutelo suspenso na cabeça do irreverente ou inconformado. O fazendeiro ameaçava o colono. O industrial ameaçava o operário. Ou se submetiam a qualquer iniquidade, a aceitar condições vexatórias e prejudiciais, ou eram denunciados como elementos perigosos à tranquilidade pública. Para tal, não eram precisas provas: a informação policial era suficiente!”

(DIAS, Everardo. História das Lutas Sociais no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1977; p.56)

Sobre a lei citada no trecho acima e seu contexto histórico, é correto afirmar que

Alternativa correta: A

Tema central: trata-se da repressão estatal aos movimentos operários e à presença de imigrantes organizados (em especial anarcossindicalistas) na Primeira República. A questão exige identificar o alvo e o contexto temporal da chamada "lei Adolfo Gordo" — uma norma usada para intimidar, expulsar ou neutralizar ativistas sem necessidade de provas formais.

Resumo teórico: Na virada do século XX e durante a Primeira República (1889–1930) cresceu a atividade dos trabalhadores urbanos organizados — muitos imigrantes (italianos, espanhóis, portugueses) trouxeram ideias anarquistas e anarcossindicalistas. O Estado e as elites reagiram com legislação e práticas administrativas que permitiam a expulsão ou a prisão com base em "informações policiais", sem processo judicial robusto. Esse conjunto de instrumentos visava desarticular greves e organizações operárias.

Por que A está correta: a alternativa aponta corretamente que a lei tinha como objetivo inibir a ação reivindicativa de imigrantes, sobretudo anarcossindicalistas, e que era aplicada na Primeira República para conter greves urbanas. O trecho citado (“a informação policial era suficiente”) indica a prática de expulsões/denúncias sem provas, característica dessa política repressiva contra trabalhadores imigrantes.

Análise das alternativas incorretas:

B — Incorreta: exagera o foco rural. A repressão mencionada no texto refere‑se sobretudo aos movimentos operários urbanos (trabalhadores industriais e portuários), não apenas a colonatos em fazendas de café; o caráter antimarxista rural não é a ênfase principal.

C — Incorreta: erra o período. A alternativa afirma que a lei foi introduzida após 1935 e foi usada durante todo o governo Vargas; contudo, o instrumento em questão pertence à Primeira República e às medidas anteriores a 1930/1935. As repressões de Vargas têm outros marcos legais e práticos.

D — Parcialmente enganosa: situa a ação no espaço rural paulista. Embora haja conflitos no campo, o texto e a historiografia relacionam essa lei sobretudo à repressão de levantes e greves urbanas anarquistas/socialistas, não especificamente a levantes rurais recorrentes.

E — Incorreta: mistura elementos verdadeiros (medo do bolchevismo e expulsões em épocas posteriores) mas atribui à lei a expulsão em massa durante a Era Vargas e foco exclusivo nos italianos; trata‑se de uma confusão temporal e de alvo político.

Dica de prova: ao ler enunciados, destaque palavras‑chave de época (Primeira República, Era Vargas, 1935) e ações (expulsão, informação policial, greves). Cronologia e público‑alvo são as pistas decisivas para eliminar alternativas.

Fontes indicadas: Everardo Dias, História das Lutas Sociais no Brasil (trecho usado) e obras sobre movimento operário/anarquismo no Brasil (historiografia da Primeira República).

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