Leia o texto a seguir.

Desde os primórdios da colonização portuguesa, o desenvolvimento da escravidão indígena enquanto instituição minimamente estável foi limitado por diversos obstáculos.

(Adaptado de: MONTEIRO, J. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 130.)

Assinale a alternativa que apresenta corretamente um desses obstáculos enfrentados pelos portugueses para implantar a escravidão indígena na colônia.

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: a questão trata dos obstáculos à formação da escravidão indígena no Brasil colonial. É preciso entender a dinâmica das sociedades indígenas, a ação de agentes coloniais (bandeirantes, jesuítas, colonos) e as práticas de resistência — elementos recorrentes em obras como Monteiro, J. (1994), Negros da terra.

Resumo teórico e contexto: embora os portugueses tentassem escravizar indígenas desde o início da colonização, isso esbarrava em vários fatores: a mobilidade e conhecimento do território pelos indígenas (facilitando fugas), a resistência armada e redes de abrigo entre grupos, influência missionária que em alguns casos oferecia proteção, e altas taxas de mortalidade por doenças e trabalho forçado. Essas condições impediram que a escravidão indígena se consolidasse como instituição tão estável quanto a escravidão africana.

Por que a alternativa A está correta: “A resistência dos próprios índios à escravização” resume de modo direto o principal obstáculo citado pela historiografia. Os indígenas resistiam fugindo para o interior, organizando emboscadas, buscando refúgio em aldeias aliadas ou sob proteção jesuítica, o que tornava a captura e a manutenção de mão de obra indígena muito mais difícil e custosa. (Fonte: MONTEIRO, J., Negros da terra, 1994).

Análise das alternativas incorretas:

B — “Índios não se adaptarem ao sedentarismo da agricultura”: incorreto. É reducionista. Havia povos sedentários e semi-sedentários; o problema central não era uma “incapacidade” cultural universal, mas a fuga e a resistência frente ao cativeiro.

C — “Preguiça natural do índio”: falso e racista. Trata-se de um estereótipo sem base histórica; não é explicação aceitável em provas ou em historiografia séria.

D — “Bandeirantes protegiam os índios”: equivocado. Na prática, muitos bandeirantes atuaram justamente como caçadores de indígenas para o cativeiro, sendo agentes que ampliaram a captura, não a proteção.

E — “Baixa produtividade do trabalho indígena”: parcialmente enganoso. A produtividade variava; o entrave maior foram a resistência, o conhecimento do território e as fugas, não uma suposta ineficiência “natural” do trabalho indígena.

Dica para provas: desconfie de alternativas que reproduzem estereótipos (preguiça, incapacidade cultural) ou que invertam papéis históricos (dizer que bandeirantes protegiam índios). Procure termos que correspondam à historiografia (resistência, fugas, redes de abrigo).

Fonte principal sugerida: MONTEIRO, J. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo, São Paulo, 1994.

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