No Brasil, as atividades econômicas iniciaram-se sob o signo da grande propriedade e da grande lavoura. A
primeira forma de divisão das terras além-mar deu-se em forma de capitanias, que se constituíram em grandes
extensões de terras entregues a senhores, dotados de poderes absolutos sobre as pessoas e as coisas ali
encontradas. As unidades de produção foram organizadas em latifúndios para a produção regular e em grande
escala do mais lucrativo produto que era a cana-de-açúcar.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.
I. A passagem da produção de cana-de-açúcar para a de café favoreceu os donos de pequenas propriedades
e também os escravos libertos, pois, com o aumento da demanda deste novo produto, o governo brasileiro
intensificou a contratação de imigrantes europeus.
II. Para a organização do processo de produção no Brasil colonial, deu-se preferência à mão de obra escrava e não à livre, porque esta última, com a abundância de terra, poderia encontrar um meio para a sua
sobrevivência.
III. Com a emancipação dos escravos, os latifundiários brasileiros ficaram em situação bastante complicada,
uma vez que os libertos conquistaram seu próprio espaço para sustentar-se, diminuindo a oferta de mão
de obra para trabalhar nas fazendas de cana-de-açúcar.
IV. Como mão de obra, necessária em grande quantidade para trabalhar nas propriedades, os latifundiários
utilizaram o trabalho compulsório africano. Esses trabalhadores, trazidos para o Brasil nos denominados
“navios negreiros”, eram aqui comercializados como mercadorias.
Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: B — Somente II e IV são corretas
Tema central: economia colonial brasileira baseada no latifúndio e plantation, uso massivo de trabalho escravo africano, e as transformações posteriores (expansão cafeeira e imigração). Para resolver a questão é necessário distinguir explicações sobre preferência por trabalho escravo, o comércio atlântico de escravos e as consequências reais da abolição.
Resumo teórico: A economia açucareira do período colonial organizou-se em grandes propriedades (latifúndios) com mão de obra escrava comprada no tráfico negreiro (vetor descrito em IV). A abundância de terras e a necessidade de mão de obra facilmente controlável levaram os senhores a preferir trabalho escravo (base da II). Com a expansão cafeeira no século XIX, sobretudo no Sudeste, cresceu a contratação de imigrantes europeus, mas essa política beneficiou principalmente os grandes proprietários que buscavam substituir ou completar a mão de obra escrava; a Lei Áurea (1888) extinguiu a escravidão formal, mas não garantiu acesso à terra aos libertos.
Justificativa da alternativa B: II é correta — historiografia clássica (p. ex. Emília Viotti da Costa; Luiz Felipe de Alencastro) explica que, com terra abundante e escassa população livre disponível, os senhores optaram por trabalho escravo por ser controlável e reproduzível dentro do sistema latifundiário. IV é correta — o tráfico atlântico foi central: africanos foram embarcados em "navios negreiros" e vendidos como mercadoria nas praças do Brasil (fontes históricas e documentos de época confirmam comercialização de pessoas como bens).
Análise das afirmativas incorretas: I — incorreta: a transição para o café não favoreceu os pequenos proprietários e libertos; a imigração europeia foi incentivada para suprir a demanda dos grandes fazendeiros. Não houve benefício generalizado aos ex-escravos. III — incorreta: a abolição não conferiu terras aos libertos; portanto, os latifundiários não perderam mão de obra por causa de libertos "autossustentáveis". Pelo contrário, preocupados com falta de trabalhadores, proprietários recorreram à imigração e a formas de trabalho assalariado e contratual.
Dica de prova: procure palavras-chave como "favoreceu", "conquistaram seu próprio espaço" — confronte com evidências históricas (Lei Áurea 1888; estudos sobre imigração e tráfico). Questões de causa/efeito e absolutos (sempre, nunca, todos) costumam ser armadilhas.
Fontes recomendadas: Emília Viotti da Costa — História do Brasil; Luiz Felipe de Alencastro — O tráfico atlântico; obras sobre escravidão e imigração no Brasil imperial; texto da Lei Áurea (13 de maio de 1888).
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