Leia o texto a seguir.
Os camponeses que viviam nessas terras já não eram homens livres [...]. Eles pertenciam à terra que o rei
tinha atribuído a um senhor ou às terras que um nobre já possuía. [...] Esses camponeses eram chamados
“servos”. Não eram considerados cidadãos do reino. Nem tinham direito de se deslocar conforme quisessem,
nem de decidir se estavam ou não dispostos a cultivar. [...] Esses homens sem liberdade não eram exatamente
escravos, pois pertenciam à terra, que por sua vez pertencia ao rei, mesmo que ele a cedesse a um nobre.
O nobre ou príncipe não tinha direito de vendê-los nem de matá-los, ao contrário do que acontecia com os
donos de escravos de antes. Fora isso, tinha direito de exigir deles o que quisesse. Sempre que ordenasse,
os servos tinham de cultivar suas terras e trabalhar para ele. Eram obrigados a lhe fornecer regularmente pão
e carne para sua alimentação, pois o nobre não trabalhava no campo. No máximo ia à caça, quando tinha
vontade. O domínio que o rei lhe cedera, chamado “feudo”, era sua propriedade, e ele a transmitia ao filho por
herança, a não ser que cometesse faltas graves para com o rei. Em troca do feudo, o senhor se comprometia
com o rei a custear a formação de um exército com seus camponeses e outros senhores e a lutar pelo rei
quando houvesse guerra. Ora, guerras havia com freqüência.
(GOMBRICH, E. H. Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 160-161.)
De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre a sociedade feudal europeia, é correto afirmar:
Leia o texto a seguir.
Os camponeses que viviam nessas terras já não eram homens livres [...]. Eles pertenciam à terra que o rei tinha atribuído a um senhor ou às terras que um nobre já possuía. [...] Esses camponeses eram chamados “servos”. Não eram considerados cidadãos do reino. Nem tinham direito de se deslocar conforme quisessem, nem de decidir se estavam ou não dispostos a cultivar. [...] Esses homens sem liberdade não eram exatamente escravos, pois pertenciam à terra, que por sua vez pertencia ao rei, mesmo que ele a cedesse a um nobre. O nobre ou príncipe não tinha direito de vendê-los nem de matá-los, ao contrário do que acontecia com os donos de escravos de antes. Fora isso, tinha direito de exigir deles o que quisesse. Sempre que ordenasse, os servos tinham de cultivar suas terras e trabalhar para ele. Eram obrigados a lhe fornecer regularmente pão e carne para sua alimentação, pois o nobre não trabalhava no campo. No máximo ia à caça, quando tinha vontade. O domínio que o rei lhe cedera, chamado “feudo”, era sua propriedade, e ele a transmitia ao filho por herança, a não ser que cometesse faltas graves para com o rei. Em troca do feudo, o senhor se comprometia com o rei a custear a formação de um exército com seus camponeses e outros senhores e a lutar pelo rei quando houvesse guerra. Ora, guerras havia com freqüência.
(GOMBRICH, E. H. Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 160-161.)
De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre a sociedade feudal europeia, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: organização social e econômica do feudalismo europeu — sobretudo o sistema senhorial (manorial), a condição dos servos e a composição das terras senhoriais. É essencial para provas de História Geral entender distinções entre propriedade feudal e propriedade privada moderna, papel da Igreja e dinâmica urbana.
Resumo teórico: O feudalismo combina relações de vassalagem (feudo em troca de serviço militar) e a economia senhorial. As terras senhoriais incluíam: reserva do senhor (demesne), parcelas cedidas aos servos para sua subsistência (tenements) e terras comunais utilizadas coletivamente (pastagens, lenhas). Os servos eram presos à terra, devendo corveias e quotas, mas não eram escravos no sentido antigo (Gombrich; Marc Bloch; Ganshof).
Justificativa da letra E: A alternativa descreve precisamente a tripartição típica das propriedades senhoriais — reserva senhorial, parcelas para subsistência dos camponeses e espaços coletivos — conforme o texto e a historiografia clássica (Gombrich; Bloch).
Análise das incorretas:
- A — Errada: o feudo não fomentou um mercado livre de terras; a terra estava vinculada a obrigações pessoais e direitos senhoriais, diferente da moderna propriedade privada.
- B — Errada: a Igreja foi grande proprietária e integrada ao sistema feudal; só em alguns momentos houve tensões, não uma resistência geral por “opção preferencial pelos pobres”.
- C — Errada: as cidades não desapareceram no séc. XI; pelo contrário, houve renascimento urbano e expansão do comércio a partir do Alto Médio Âge.
- D — Errada: Estados medievais eram descentralizados; só mais tarde houve centralização, e não existiam rotineiramente exércitos regulares ou cunhagem e jurisdição totalmente centralizadas.
Fontes recomendadas: E. H. Gombrich, Breve história do mundo; Marc Bloch, Feudal Society; F. L. Ganshof, Feudalism.
Estratégia de prova: procure termos-chave (feudo, servos, reserva, terras comunais) e desconfiar de afirmações absolutas e anacrônicas (ex.: “desapareceram”, “resistiu totalmente”, “estrutura estatal poderosa”).
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