Questão 6ac35b36-4b
Prova:UNIFESP 2007
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Movimentos de Reforma Religiosa: protestantes e católicos

No século XVI, nas palavras de um estudioso, “reformar a Igreja significava reformar o mundo, porque a Igreja era o mundo”. Tendo em vista essa afirmação, é correto afirmar que

A
os principais reformadores, como Lutero, não se envolveram nos desdobramentos políticos e socioeconômicos de suas doutrinas.
B
o papado, por estar consciente dos desdobramentos da reforma, recusou-se a iniciá-la, até ser a isso obrigado por Calvino.
C
a burguesia, ao contrário da nobreza e dos príncipes, aderiu à reforma, para se apoderar das riquezas da Igreja.
D
os cristãos que aderiram à reforma estavam preocupados somente com os benefícios materiais que dela adviriam.
E
o aparecimento dos anabatistas e outros grupos radicais são a prova de que a reforma extrapolou o campo da religião.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: a Reforma do século XVI não foi apenas um movimento religioso: seus efeitos alcançaram a política, a economia e a vida social. Reconhecer esse alcance é essencial em questões sobre a modernidade europeia.

Resumo teórico: A Reforma (Lutero, Calvino, anabatistas etc.) criticou a Igreja católica e gerou novas confissões. Isso provocou rupturas institucionais (guerra, realinhamento dinástico, desapropriação de bens e criação de novas práticas religiosas). Surgiram grupos radicais — anabatistas, comunitaristas — que propuseram mudanças sociais profundas (ex.: movimento anabatista e a experiência de Münster, 1534–35). Fontes úteis: Diarmaid MacCulloch, The Reformation; Max Weber, The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism; estudos sobre o Concílio de Trento (1545–1563).

Por que E está correta: o aparecimento de anabatistas e outros grupos radicais demonstra que a Reforma extrapolou o campo estritamente teológico. Esses grupos defenderam práticas e mudanças sociais (batismo de crentes, comunidades igualitárias, às vezes violência política) que desafiaram ordens religiosas e políticas estabelecidas — prova clara do impacto social e político do movimento.

Análise das alternativas incorretas

A — Incorreta. Os líderes reformadores intervieram na política: Lutero escreveu obras dirigidas aos príncipes (ex.: Address to the Christian Nobility) e os príncipes alemães usaram a Reforma para afirmar autonomia face ao Imperador/ao papado. A Paz de Augsburgo (1555) é resultado claro da interseção religião-política.

B — Incorreta. O papado não iniciou a Reforma; reagiu a ela (Contra-Reforma e Concílio de Trento). Calvino não “obrigou” o papado a reformar — a dinâmica foi outra: reforma protestante → respostas católicas institucionais posteriores.

C — Incorreta por generalização. Embora parte da elite e alguns burgueses se beneficiassem de bens eclesiásticos, a adesão variou por região e por classe. Não é correto dizer que a burguesia, ao contrário da nobreza e dos príncipes, foi unicamente a porta de entrada da Reforma para apropriação de riquezas.

D — Incorreta. A adesão teve motivações religiosas e sociais profundas — questão de doutrina, de consciência, de acesso à Bíblia em vernáculo —, não apenas buscas de benefícios materiais.

Dica de estratégia para provas: desconfie de alternativas que apresentam causa única ou termos absolutos ("somente", "todos", "ao contrário"). Em temas históricos complexos, prefira respostas que reconheçam múltiplas dimensões (religiosa, política, social).

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