Questão 6a9b7576-c4
Prova:UEG 2017
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Movimentos de Reforma Religiosa: protestantes e católicos

Leia o texto a seguir:

Por ter tido educação protestante, nunca achei que 31 de outubro é o dia das bruxas. Sempre foi o dia em que Lutero, em 1517, começou uma revolução.

LEITÃO, Míriam. Disponível em: <blogs.oglobo.com/miriam-leitao/post/os-500-anos-da-reforma-protestante-que-abalou-o-mundo.html>. Acesso em: 18 ago. 2017


No ano de 2017, completam-se 500 anos da eclosão da Reforma Protestante. Do ponto de vista histórico, a Reforma pode ser considerada uma revolução

A
estética, pois foi a matriz ideológica da concepção barroca de mundo que se manifestou nos países ibéricos.
B
política, pois permitiu a centralização monárquica absolutista, ao legitimar a tese do direito divino dos reis europeus.
C
econômica, pois, com os puritanos, difundiu-se uma nova mentalidade econômica que gerou o capitalismo.
D
social, pois legitimou as aspirações revolucionárias dos camponeses europeus na luta contra a aristocracia.
E
intelectual, pois foi difusora do pensamento científico iluminista por meio de intelectuais protestantes, como é o caso de Voltaire.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: compreender as consequências da Reforma Protestante — em especial sua relação com mudanças culturais e econômicas — e distinguir correlações históricas de causas únicas.

Resumo teórico: a tese mais conhecida sobre esse tema é a de Max Weber (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, 1905). Weber argumenta que certas práticas e valores protestantes — sobretudo de grupos como os puritanos: ênfase no trabalho como vocação, ascetismo racional, disciplina e leitura individual da Bíblia — favoreceram uma mentalidade propícia ao acúmulo racional de capital e à organização econômica moderna. Importante: trata‑se de uma explicação cultural e não da única causa do capitalismo (também atuaram fatores econômicos, técnicos e institucionais).

Por que a alternativa C é correta: ela liga a Reforma à difusão de uma nova mentalidade econômica associada aos puritanos e à ética do trabalho — exatamente o núcleo da interpretação weberiana. A alternativa reconhece influência cultural e ideacional sobre práticas econômicas, o que é historiograficamente aceitável quando apresentado com a devida nuance.

Análise das alternativas incorretas: A (estética/barroco): errada — o barroco foi fortemente promovido pela Contrarreforma católica (Concílio de Trento) como linguagem artística da Igreja; não é fruto direto da Reforma Protestante, e nos países ibéricos o barroco foi expressão católica. B (política/direito divino): imprecisa — a Reforma enfraqueceu a autoridade papal e permitiu maior autonomia de príncipes, mas a doutrina do direito divino dos reis está mais ligada ao desenvolvimento do absolutismo e a pensadores como Bossuet; não é efeito direto e exclusivo da Reforma. D (social/legitima aspirações camponesas): incorreta — embora haja movimentos camponeses (Guerra dos Camponeses, 1524–25) que usaram discursos reformistas, líderes como Lutero não apoiaram essas revoltas; a Reforma não se caracterizou por legitimar revoltas camponesas. E (intelectual/Iluminismo e Voltaire): equivocada — o Iluminismo e figuras como Voltaire surgem mais tarde e, muitas vezes, criticam a religião; a Reforma incentivou alfabetização e debate religioso, mas não foi difusora direta do pensamento científico iluminista.

Dica de resolução para concursos: identifique termos-chave (ex.: "nova mentalidade econômica", "puritanos") e relacione com autores clássicos (Weber). Desconfie de alternativas que estabeleçam causalidade única ou generalizações absolutas; busque a nuance histórica.

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