Questão 69c2ea59-ff
Prova:UECE 2019
Disciplina:Sociologia
Assunto:Karl Marx e as Classes Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Atente para a seguinte afirmação de Karl Max sobre o trabalho no sistema capitalista: “O trabalho não produz somente mercadorias; ele produz a si mesmo e ao trabalhador como uma ‘mercadoria’”.

Fonte: Marx, Karl. Manuscritos econômicos-filosóficos.
São Paulo: Boitempo, 2010. p. 80.


Assinale a opção que corresponde à afirmação de Karl Marx acima.

A
O trabalho dignifica o homem, empresta-lhe sentido na vida social e, como tal, o trabalhador não existe autônomo do capital, que é a razão de existir do próprio trabalhador.
B
O trabalhador é autônomo e dono do seu trabalho, o que reflete sua grandeza interior, e o que ele produz destina-se ao seu sustento.
C
No capitalismo, trabalho e capital não estabelecem uma relação de oposição, pois se complementam: é no capital que o trabalhador se reconhece e é no trabalhador que o capitalista se realiza.
D
Ao tornar-se mercadoria, o trabalhador não se reconhece no produto do seu trabalho, ao mesmo tempo em que o seu trabalho deixa de ser uma manifestação essencial do seu ser, para ser um trabalho forçado, determinado pela necessidade externa.

Gabarito comentado

S
Sofia LopezMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: trata-se da alienação do trabalho em Marx — ponto-chave na relação entre indivíduo e sociedade no capitalismo: o trabalhador passa a ser tratado como mercadoria, não se reconhece no produto e o trabalho torna‑se forçado e determinado por necessidades externas.

Resumo teórico (claro e progressivo): Em Marx (Manuscritos Econômico‑Filosóficos, 1844) o trabalho alienado aparece em quatro aspectos: (1) alienação do produto (o produto do trabalho não pertence ao trabalhador); (2) alienação no processo (trabalhar é apenas meio de subsistência, não autoexpressão); (3) alienação da “espécie” (perda da atividade humana criadora); (4) alienação entre pessoas (relações sociais mediadas por coisas). No capitalismo, o trabalho vira mercadoria e o trabalhador é explorado — seu labor é determinado por necessidades externas (salário), não por sua essência humana.

Justificação da alternativa D: A alternativa D descreve exatamente os núcleos da teoria marxiana: o trabalhador “não se reconhece no produto do seu trabalho” (alienação do produto) e o trabalho deixa de ser manifestação essencial do ser para ser trabalho forçado, imposto por necessidade externa (venda da força de trabalho). É a leitura direta do trecho citado.

Análise das alternativas incorretas:

A: Afirma que o trabalho dignifica o homem — contraria Marx sobre o caráter desumanizante do trabalho sob o capitalismo. Embora o trabalhador dependa do capital, a ênfase de Marx é na exploração e alienação, não na dignificação.

B: Diz que o trabalhador é autônomo e dono do seu trabalho — isso corresponde à visão liberal ou idealizada, não à crítica marxista. No capitalismo, o trabalhador vende sua força de trabalho; não controla nem apropria o produto.

C: Afirma que capital e trabalho não estão em oposição — erro central: para Marx a relação é contraditória e antagonista, pois o capital obtém mais‑valia do trabalho e as posições são conflitantes.

Estratégia para resolver questões assim: Procure termos-chaves do enunciado ("mercadoria", "não se reconhece", "trabalho forçado", "necessidade externa") e associe-os às categorias marxianas (alienação, mais‑valia, exploração). Palavras que idealizam o trabalho (dignifica, autonomia) indicam alternativas contrárias à crítica marxista.

Fonte recomendada: Marx, Karl. Manuscritos Econômico‑Filosóficos (1844).

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