De acordo com o "Dezoito de Brumário de Luís Bonaparte", a instituição da República com um chefe
do Executivo eleito pelo voto direto permitiu o maior controle do Executivo pelo Parlamento e reduziu a
probabilidade de confronto entre esses dois poderes.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: a relação entre forma de legitimação do Executivo (eleito diretamente) e o equilíbrio de poder entre Executivo e Parlamento — aqui discutida a partir da análise de Marx em “O dezoito de Brumário de Luís Bonaparte” e da teoria sobre presidencialismo e plebiscitarismo.
Resumo teórico claro: Marx mostra que a eleição direta conferiu ao chefe do Executivo uma legitimação popular independente do Parlamento. Isso fortalece o Executivo e permite-lhe usar a “vontade do povo” como alavanca para se sobrepor ao Legislativo. O resultado pode ser menor controle parlamentar e maior risco de confrontos ou de concentração autoritária (plebiscitarismo). A literatura contemporânea sobre regimes presidenciais (ver Linz, “The Perils of Presidentialism”) também registra risco de impasse e personalismo quando o Executivo se apoia diretamente no eleitorado.
Justificativa da resposta (por que E — Errado): a afirmação da questão diz o oposto do que Marx argumenta. Em vez de aumentar o controle parlamentar e reduzir conflitos, a eleição direta do chefe do Executivo tende a fortalecê‑lo face ao Parlamento, gerando autonomia política e capacidade de confrontar a Assembleia. No caso histórico analisado por Marx, essa dinâmica facilitou a ação independente de Luís Bonaparte, que acabou por subverter o regime parlamentar e desembocar no golpe de 1851 e no Império.
Fontes e leituras recomendadas: Karl Marx, “The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte” (1852); Juan J. Linz, “The Perils of Presidentialism” (1990) — ambos úteis para entender plebiscitarismo, personalismo e tensão Executivo‑Parlamento.
Estratégia para provas: ao ver afirmações sobre efeitos institucionais (eleição direta, parlamentarismo, presidencialismo), lembre-se de identificar a fonte teórica (quem afirma? qual autor/obra?) e o mecanismo causal (como a mudança institucional altera incentivos e bipolaridade de poder?). Pergunta de contraste como esta costuma cobrar reconhecimento do argumento marxista: ele aponta aumento de autonomia executiva, não seu controle pelo Parlamento.
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