“O Egito (...) faz limite não apenas com um mar, mas com dois, o
Mediterrâneo e o Vermelho. A distância entre eles é de cerca de 160
quilômetros. Por isso, desde tempos imemoráveis, o país tem sido um
elo entre a Europa e o Oriente”.
H. L. Wesseling. Dividir para Dominar: A partilha da África (18801914).
Rio de Janeiro: Editora UFRJ/ Editora Revan, 1998, p.46.
No contexto imperialista britânico, no século XIX, o domínio sobre o Egito
representava, dentre outros,
No contexto imperialista britânico, no século XIX, o domínio sobre o Egito representava, dentre outros,
Gabarito comentado
Resposta correta: A
Tema central: Estratégia imperial britânica no século XIX — controle do Egito como peça-chave para assegurar a ligação marítima entre a Europa e o Oriente (via Canal de Suez), protegendo a rota para a Índia e as rotas comerciais asiáticas.
Resumo teórico: No século XIX a potência prioritária do Império Britânico era a defesa das comunicações marítimas com a Índia. A abertura do Canal de Suez (1869) e a compra da participação no canal por Disraeli (1875), seguida da ocupação do Egito (1882), transformaram o domínio egípcio em interesse estratégico: não se tratava tanto de anexar vastos territórios contíguos, mas de controlar um ponto-chave que encurtava a rota entre Mediterrâneo e Mar Vermelho. (Ver: H. L. Wesseling; John Darwin, The Empire Project; P. J. Cain & A. G. Hopkins.)
Por que a alternativa A está correta: Ela destaca justamente a função geoestratégica do Egito — possibilitar a interligação do Mediterrâneo ao Mar Vermelho e, assim, facilitar o acesso às fontes de recursos e mercados do Oriente. Isso resume os motivos reais do interesse britânico no controle do país no século XIX.
Por que as demais alternativas estão incorretas:
B — Incorreta: ouro e diamantes eram extraídos em regiões do Sul da África (ex.: Transvaal, Cabo), não no Egito; o principal interesse britânico no Egito foi estratégico, não mineração aurífera/diamantífera.
C — Incorreta: embora o Nilo sustente agricultura importante, o Egito não foi transformado na principal fonte de trigo do Império britânico nem houve exploração massiva da mão de obra rural em benefício exclusivo da Grã-Bretanha nesse sentido.
D — Incorreta: o domínio do deserto do Saara e rotas trans-saarianas não corresponde à realidade do controle britânico do Egito; o Saara é distinto do território egípcio e as rotas comerciais inter-regionais não eram a razão central do interesse britânico no país.
E — Incorreta: o Egito não se tornou a maior economia da África subsaariana; além disso, “África subsaariana” não se aplica ao Egito (localizado no Norte da África) e a ideia de desenvolvimento industrial intenso no século XIX é equivocada.
Dica de prova: Procure palavras-chave no enunciado como “elo entre Europa e Oriente”, “Mediterrâneo e Vermelho” e conecte-as ao Canal de Suez e à política britânica de proteção das rotas para a Índia. Elimine alternativas que mencionem regiões ou recursos incompatíveis com o contexto histórico (ouro/diamantes — Sul da África; Sahara; “subsaariana”).
Fontes sugeridas: Wesseling (Dividir para Dominar); informações gerais sobre Canal de Suez (inauguração 1869) e política britânica (compra de ações por Disraeli em 1875; ocupação de 1882).
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