Na carta de Pero Vaz de Caminha, afirma-se que a terra"em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo."
Essa carta ficou três séculos depositada em um arquivo em Portugal. Apenas em 1817 foi publicada por historiadores interessados, no contexto da independência, em contar a história brasileira e que por isso endossaram aquela descrição do lugar que veio a se tornar o Brasil.No século XX, contudo, foi lida como uma fonte para entender o imaginário dos navegantes sobre a América e não como uma descrição fidedigna da terra a que os portugueses chegaram.
Considerando o trecho da referida carta e as informações disponibilizadas é CORRETO afirmar que:
Na carta de Pero Vaz de Caminha, afirma-se que a terra"em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo."
No século XX, contudo, foi lida como uma fonte para entender o imaginário dos navegantes sobre a América e não como uma descrição fidedigna da terra a que os portugueses chegaram.
Considerando o trecho da referida carta e as informações disponibilizadas é CORRETO afirmar que:
Gabarito comentado
Resposta correta: alternativa D.
Tema central: trata-se de historiografia — isto é, da maneira como os historiadores interpretam fontes documentais e de como essas interpretações são moldadas pelo contexto social, político e cultural em que os historiadores vivem.
Resumo teórico sucinto: fontes históricas (como a carta de Pero Vaz de Caminha) não falam por si mesmas: os historiadores escolhem, interpretam e reconstroem significados a partir delas. Como afirma E. H. Carr em What is History?, fatos e interpretações estão em diálogo: o presente do historiador influencia a leitura do passado. Assim, leituras feitas em 1817 (no contexto da independência do Brasil) difere de leituras do século XX, que privilegiaram outros problemas (ex.: o imaginário dos navegantes).
Por que a alternativa D está correta: ela afirma que as interpretações históricas mudam conforme as questões colocadas pelo momento histórico de produção. Isso corresponde exatamente ao argumento do texto de apoio: a carta, guardada em arquivo, foi publicada em 1817 por interesses ligados à construção de uma narrativa nacional; no século XX passou a ser lida com outro recorte analítico. Logo, D sintetiza corretamente a relação entre fonte e contexto de produção da interpretação.
Análise das alternativas incorretas:
A — afirma que interpretações se aproximam mais da verdade com o tempo. Incorreta: pressupõe progresso cumulativo e objetivo da interpretação; ignora que mudanças muitas vezes resultam de novas questões e perspectivas, não de aproximação linear a uma "verdade".
B — sugere que historiadores apenas descrevem o que as fontes dizem e produzem uma verdade última. Incorreta: é visão positivista; negligencia o papel ativo do historiador na seleção e sentido das fontes.
C — afirma que o conhecimento histórico é universal e atemporal, sem influência do contexto social. Incorreta: contradiz a ideia central de que o contexto do autor (e do historiador) condiciona a interpretação.
Dica de prova: procure palavras-chave que indiquem relação entre interpretação e contexto ("mudam de acordo com", "colocadas pelo momento histórico"). Elas sinalizam leitura historiográfica crítica.
Fontes recomendadas: E. H. Carr, What is History?; Marc Bloch, The Historian's Craft; estudos sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha e sua publicação em 1817.
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