Questão 67875000-36
Prova:PUC - RS 2014
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Redação - Reescritura de texto

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, analise as possibilidades de reescrita do trecho das linhas 04 a 08.

I. Espalhados pelos ambientes coletivos da cidade, os moradores de rua vivem assim: fazem comida no asfalto, arrumam suas camas, limpam as calçadas, tal como dentro de uma casa.

I. Ao se espalharem pelos ambientes coletivos da cidade, como se estivessem dentro de uma casa os moradores de rua vivem assim: a fazerem comida no asfalto, arrumando suas camas e limpam as calçadas.

III. Os moradores de rua vivem assim: espalham-se pelos ambientes coletivos da cidade como dentro de uma casa, fazem comida no asfalto, arrumando suas camas e limpando as calçadas.

A(s) possibilidade(s) de reescrita que mantém/mantêm o sentido e a correção do texto é/são apenas

INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto


               Entre o espaço público e o privado


01         Excluídos da sociedade, os moradores de rua

02  ressignificam o único espaço que lhes foi permitido

03   ocupar, o espaço público, transformando-o em

04  seu “lugar”, um espaço privado. Espalhados pelos

05  ambientes coletivos da cidade, fazendo comida no

06  asfalto, arrumando suas camas, limpando as calçadas

07 como se estivessem dentro de uma casa: assim vivem

08  os moradores de rua. Ao andar pelas ruas de São

09  Paulo, vemos essas pessoas dormindo nas calçadas,

10  passando por situações constrangedoras, pedindo

11  esmolas para sobreviver. Essa é a realidade das

12  pessoas que fazem da rua sua casa e nela constroem

13  sua intimidade. Assim, a ideia de individualização que

14 está nas casas, na separação das coisas por cômodos

15  e quartos que servem para proteger a intimidade do

16  indivíduo, ganha outro sentido. O viver nas ruas, um

17 lugar aparentemente inabitável, tem sua própria lógica

18  de funcionamento, que vai além das possibilidades.

19                  A relação que o homem estabelece com o

20  espaço que ocupa é uma das mais importantes para

21  sua sobrevivência. As mudanças de comportamento

22  social foram sempre precedidas de mudanças físicas

23  de local. Por mais que a rua não seja um local para

24  viver, já que se trata de um ambiente público, de

25 passagem e não de permanência, ela acaba sendo,

26 senão única, a mais viável opção. Alguns pensadores

27  já apontam que a habitação é um ponto base e

28  adquire uma importância para harmonizar a vida.

29 O pensador Norberto Elias comenta que “o quarto

30 de dormir tornou-se uma das áreas mais privadas

31 e íntimas da vida humana. Suas paredes visíveis

32  e invisíveis vedam os aspectos mais ‘privados’,

33 ‘íntimos’, irrepreensivelmente ‘animais’ da nossa

34  existência à vista de outras pessoas”.

35         O modo como essas pessoas constituem o único

36  espaço que lhes foi permitido indica que conseguiram

37  transformá-lo em “seu lugar”, que aproximaram, cada

38  um à sua maneira, dois mundos nos quais estamos

39  inseridos: o público e o privado.


RODRIGUES, Robson. Moradores de uma terra sem dono

(fragmento adaptado) In: http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/

ESSO/edicoes/32/artigo194186-4.asp.

Acesso em 21/8/2014.

A
I.
B
II.
C
III.
D
I e II.
E
II e III.

Gabarito comentado

A
Américo Costa Monitor do Qconcursos

Gabarito: Alternativa A (I)

Tema central: A questão exige análise de reescrita de trecho mantendo sentido e correção gramatical (concordância, coerência, clareza e ausência de ambiguidade), além da fidelidade à ideia original do texto. Envolve diretamente interpretação de texto e gramática normativa, com ênfase em concordância verbal/nomeal, coesão e clareza sintática.

Justificativa da alternativa correta (I):

A reescrita I mantém a estrutura lógica do texto original, apresentando clara relação entre as ações (espalhar-se, fazer comida, arrumar camas, limpar calçadas), com concordância correta entre sujeito e verbo (“fazem comida, arrumam, limpam”) e preserva a ideia de rotina dos moradores de rua, sem ambiguidade e com coesão entre as orações.

Segundo a Gramática Normativa de Evanildo Bechara, “o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito, e a elipse de sujeitos diferentes deve ser evitada se causar ambiguidade ou falta de clareza.”

Análise das alternativas incorretas:

II: Apresenta erro de regência e paralelismo verbal no trecho “a fazerem comida (...), arrumando suas camas e limpam as calçadas”. Aqui, ocorre incompatibilidade de formas verbais (“a fazerem” não se encaixa paralelamente com “arrumando” e “limpam”). Segundo Azeredo, quando une-se verbos em sequência, devem ser do mesmo tempo e modo (paralelismo). Além disso, o segmento “como se estivessem dentro de uma casa os moradores de rua vivem assim” carece de pontuação adequada, o que compromete a clareza.

III: Falha no paralelismo verbal (“fazem comida..., arrumando, limpando...”) e traz ambiguidade na expressão “como dentro de uma casa”, que não deixa claro se modifica “espalham-se” ou “fazem comida”. O texto original é explícito: todas essas ações simulam o cotidiano de quem está em uma casa, atribuindo caráter privado ao espaço público, e essa sutileza é perdida.

Dicas e estratégias:

Quando confrontar alternativas de reescrita, atente-se para:

  • Paralelismo: Sequências verbais devem estar uniformes.
  • Coerência: Explicitações devem manter-se fiel à ideia central do texto.
  • Concordância: Sujeito e verbo devem harmonizar-se em pessoa e número.
  • Clareza: Evite ambiguidades; reorganize trechos quando necessário para preservar o sentido correto.

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