Questão 66302ae5-fb
Prova:UEG 2014
Disciplina:História
Assunto:História Geral

O português falado pelos senhores, que os africanos tinham de aprender para obedecer às ordens e sobreviver da melhor maneira possível, também serviu para os que falavam diferentes línguas se entenderem entre si. Algumas vezes pessoas de um mesmo grupo linguístico criavam línguas novas, resultantes de combinações de dialetos africanos entre si e também com o português.

Essa integração forçada, em decorrência da prática escravista no Brasil, entre portugueses e diferentes grupos étnicos africanos, teve como resultado

A
o fortalecimento da identidade negra, facilitando a ação dos grupos de resistência que falavam uma só língua durante as fugas coletivas.
B
a submissão passiva dos negros africanos à cultura de seus senhores, uma vez que essa mistura linguística os destituía de seus traços culturais de origem.
C
o esquecimento de diversas crenças, mitos, lendas e costumes dos africanos que, destituídos de sua língua-mãe, não conseguiam mais transmitir essas noções.
D
a formação de uma cultura negra diferente das existentes na África, uma vez que misturava elementos de vários grupos étnicos.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: trata-se da formação cultural e linguística resultante do contato forçado entre portugueses e diversos povos africanos no Brasil escravista — processo que gerou novas línguas (pidgins/criolos) e práticas culturais híbridas.

Resumo teórico: o contato intenso e coercitivo entre grupos étnicos diferentes, em contexto colonial-escravista, geralmente produz sincretismo e formas culturais híbridas, não a simples “substituição” ou “desaparecimento” total das matrizes africanas. Em linguística, surgem pidgins e crioulos (ver Holm, An Introduction to Pidgins and Creoles), e em antropologia/sociologia cultural observam‑se retenções, adaptações e recombinações (Bastide; estudos sobre religiões afro‑brasileiras). A UNESCO e pesquisas históricas destacam a emergência de culturas afro‑brasileiras distintas, fruto dessa mistura.

Por que a alternativa D está correta: ela afirma que houve formação de uma cultura negra distinta daquelas africanas ao misturar elementos de vários grupos étnicos. Isso condiz com evidências históricas: práticas religiosas, musicais, linguísticas e culinárias no Brasil resultaram da combinação de múltiplas tradições africanas com elementos europeus e indígenas — criando expressões culturais novas e próprias (ex.: candomblé com nações iorubás, nagô, jeje, mas também adaptado ao contexto brasileiro).

Análise das alternativas incorretas:

A — incorreta: supõe que a mistura fortaleceu unidade linguística que facilitou sempre resistências coletivas. Em parte houve comunicação entre escravizados (pidgins/português), mas a alternativa exagera: a resistência existe, porém não decorre necessariamente de uma língua única; havia diversidade e estratégias variadas (quilombos, formas culturais locais).

B — incorreta: apresenta a mistura como submissão passiva que “destituía” traços culturais. Isso é reducionista; embora tenha havido imposição cultural, também houve agência dos africanos na preservação e recomposição de elementos culturais.

C — incorreta: afirma o esquecimento total de crenças e mitos por perda da língua‑mãe. Na prática, muitas crenças e saberes foram preservados e recriados em novas formas, mesmo quando a língua original se perdeu ou se transformou; a transmissão adaptou‑se a novas línguas e ritos.

Dica para provas: busque termos que indiquem processo histórico (ex.: “formação”, “misturava elementos”); desconfie de alternativas absolutistas (palavras como “sempre”, “totalmente”, “destituía”).

Fontes sugeridas: John Holm, An Introduction to Pidgins and Creoles; Roger Bastide (estudos sobre religiões afro‑brasileiras); documentos do projeto “Rota do Escravo” da UNESCO.

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