Observe atentamente o seguinte enunciado:
“Entre os séculos XV e XVI, Portugal procurou, no
continente Africano, diferentes produtos para
comercializar: inicialmente o ouro, depois o ser
humano, pois entendeu o valor dos escravos como
mercadoria de alto valor”.
Considerando o trecho acima, escreva V ou F
conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a
seguir:( ) A tradição de exportar escravos para países
árabes era comum em várias partes da África.
( ) Aprisionar pessoas para escravidão foi uma
prática inexistente na África até a chegada dos
europeus.
( ) Os portugueses acreditavam que ser escravo
era uma possibilidade de salvação, porque os
negros não eram cristãos.
( ) Para muitos europeus, os negros eram
descendentes de Ham, o que os tornava
amaldiçoados à escravidão eterna.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte
sequência:
Gabarito comentado
Resposta correta: B — V, F, V, V.
Tema central: trata-se da atuação portuguesa na África nos séculos XV–XVI e das dinâmicas do comércio de pessoas e bens. É preciso distinguir as rotas e práticas anteriores à presença europeia (comercialização no mundo islâmico e intra‑africano) das mudanças trazidas pelo tráfico atlântico e pelas justificativas ideológicas europeias.
Resumo teórico (essencial): antes da expansão europeia já existiam mercados de escravos no Sahel e no norte da África ligados ao mundo islâmico; com a chegada dos portugueses, intensificou‑se o comércio de escravos voltado para o Atlântico. Justificativas religiosas e racistas — como a ideia de conversão como “benefício” ou o mito dos descendentes de Ham — foram usadas por europeus para legitimar a escravidão (ver Curtin; Thornton; Eltis).
Análise das quatro afirmações (seguindo a alternativa B):
(1) V — “A tradição de exportar escravos para países árabes era comum…” Verdade. Havia rotas transaarianas e marítimas ligando várias regiões africanas ao mundo islâmico desde séculos antes dos europeus (escravidão islâmica e comércio transaariano).
(2) F — “Aprisionar pessoas para escravidão foi prática inexistente na África até os europeus.” Falso. A escravidão e capturas por guerra, dívida ou raptos existiam em muitas sociedades africanas; a novidade foi a escala e o destino atlântico impulsionados pelos europeus.
(3) V — “Os portugueses acreditavam que ser escravo era possibilidade de salvação, porque os negros não eram cristãos.” Verdade parcial contextualizada: a conversão cristã foi usada como argumento missionário e justificativa moral para certas práticas escravistas (alguns portugueses defendiam que a escravidão poderia levar à catequese), expressão comum nos escritos da época.
(4) V — “Para muitos europeus, os negros eram descendentes de Ham…amaldiçoados à escravidão eterna.” Verdade: o mito hamítico foi amplamente invocado para racionalizar a escravidão racializada na Europa (fundamentação ideológica que percorre séculos).
Dica de prova: procure palavras absolutas e compare com o contexto histórico maior — diferenças entre práticas pré‑europeias e a novidade da escala atlântica; identifique quando a frase trata de justificativas ideológicas (religião/mitos) — essas aparecem frequentemente como verdadeiras neste tipo de enunciado.
Fontes recomendadas: Philip D. Curtin, John Thornton, David Eltis; obras sobre comércio transaariano e história atlântica.
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