No século IX, Carlos Magno, o rei dos Francos,
conteve a expansão islâmica nos limites dos
Pirineus, submeteu os povos germânicos ao
seu domínio e foi coroado imperador pelo Papa
Leão III. A bula papal que o investiu na
condição de Imperador do Sacro Império
Romano Germânico ficou conhecida como
Carta Magna, documento que é considerado a
matriz do constitucionalismo moderno.
Sobre a história nos períodos antigo, medieval e
moderno, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: a questão aborda a coroação de Carlos Magno e a interpretação histórica de documentos e nomes (papal act, «Sacro Império Romano Germânico», «Carta Magna»). É importante distinguir fatos do período carolíngio (final do séc. VIII — início do IX) de acontecimentos e termos posteriores.
Resumo teórico e correções essenciais:
- Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III em 25 de dezembro de 800 (ano que integra o século IX). A fonte contemporânea mais conhecida é a Vita Karoli Magni, de Einhard.
- O título concedido foi, na prática, o de Imperador dos Romanos (imperator romanorum). O termo «Sacro Império Romano Germânico» só passa a ser usado séculos depois (Idade Média posterior), portanto aplicá‑lo diretamente ao ato de 800 é impreciso.
- Não existiu uma «bula papal» denominada Carta Magna que investiu Carlos Magno. A expressão «Carta Magna» (ou Magna Carta) refere‑se à carta de 1215, na Inglaterra, e é marco distinto ligado ao constitucionalismo inglês — bem posterior ao século IX.
Por que a afirmação é errada?
A frase mistura e anacroniza termos e fatos: atribui a Carlos Magno um documento que não existiu naquele contexto («Carta Magna»), confunde a natureza do ato de coroação (não foi uma bula com esse nome) e usa um rótulo institucional (Sacro Império Romano Germânico) que só faz sentido em outro momento histórico. Além disso, ligar diretamente esse episódio ao nascimento do constitucionalismo moderno é um salto interpretativo indevido.
Dica de prova — como interpretar enunciados semelhantes:
- Procure anacronismos: datas/nomes incompatíveis (ex.: «Magna Carta» = 1215). - Verifique termos institucionais: se um nome é usado retroativamente, trate com cautela. - Separe o evento (coroação de 800) de processos de longa duração (formação do constitucionalismo, que é posterior).
Fontes e leituras recomendadas: Einhard, Vita Karoli Magni (fonte primária); artigos da Encyclopaedia Britannica sobre Charlemagne e Magna Carta; estudos introdutórios de História Medieval (ex.: Jacques Le Goff).
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